terça-feira, 21 de março de 2017

Temer retira servidores estaduais e municipais da reforma da previdencia


Proposta abarcará apenas os servidores federais. Estados e municípios definirão regras próprias

O Globo

Em um pronunciamento de última hora, o presidente Michel Temer disse, na noite desta terça-feira, que a reforma da Previdência abarcará apenas servidores federais. Caberá aos estados e municípios, segundo ele, a adequação de suas legislações e a realização de normas próprias em relação ao assunto para servidores estaduais e municipais. Temer disse que faz isso para evitar uma "invasão de competência" e para fortalecer o princípio federativo, o que vem defendendo desde o seu discurso de posse. Ele disse ainda que a nova fórmula a ser adotada será "muito adequada" e está de acordo com os apelos feitos por lideranças do Congresso Nacional. O presidente disse ainda que a mudança anunciada reflete o que deputados e senadores vinham pedindo com "insistência" ao Poder Executivo.

— (...) Surgiu com grande força a ideia de que nós deveríamos obedecer a autonomia dos estados, portanto fortalecer o princípio federativo e, assim sendo, fazer a reforma da Previdência apenas referentemente aos servidores federais, ficando portanto aos estados e municípios a edição de normas relativas a essa matéria — disse Temer.

O presidente afirmou que desde o fim de semana tem feito reuniões para tratar das mudanças no sistema previdenciário e que a ideia de excluir da reforma servidores estaduais e municipais apareceu "com grande força" nessas conversas com lideranças do Congresso. Apesar disso, Temer ressaltou a importância de se aprovar a reforma para o desenvolvimento do país:

— Reitero a importância fundamental da reforma da Previdência para caminharmos no sentido do desenvolvimento, do cresicmento econômico do país, da adequação das contas públicas e da formulação de novos empregos para o nosso país — afirmou o presidente.

Temer fez o comunicado cercado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder do governo na Câmara, do ministro da secretaria geral da Presidência, Moreira Franco, do ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, e do relator e presidente da comissão que analisa a PEC da Previdência na Câmara , deputados Arthur Maia (PPS-BA) e Carlos Marun (PMDB-MT), respectivamente. Também compuseram a tropa de Temer os deputados Arthur Lira (PP-AL), Alexandre Baldy (PTN-GO) e Laerte Bessa (PR-DF).

Segundo participantes da reunião com Temer, a avaliação levada ao presidente por líderes do Congresso é a de que o governo e sua base estavam enfrentando enorme desgaste sem qualquer ganho com isso. Antes do comunicado, Temer consultou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que aprovou a medida e disse que não haveria impacto nas contas federais.

— O impacto é zero para as contas federais, por quê vamos ficar segurando um desgaste que não é nosso se não faz diferença para as contas públicas federais? — questionou um dos presentes.

Um ministro que participou das negociações afirmou ainda que o presidente já vinha "ruminando" essa ideia desde antes do envio da a mensagem ao Congresso Nacional, que marca a abertura dos trabalhos legislativos. Assessores do Palácio do Planalto disseram ainda que, antes do envio da proposta ao Congresso havia essa dúvida sobre incluir ou não servidores estaduais e municipais na proposta. Mas, diante da pressão de governadores, que avaliavam ser muito difícil fazer essa reforma nos estados, o governo acabou cedendo.

— Houve muita pressão dos governadores porque diziam ter muita dificuldade de fazer a reforma nos estados. Mas a pressão em cima dos parlamentares é justamente dos servidores estaduais, e os governadores também não estão ajudando — afirmou uma fonte do Planalto.

Integrantes do governo afirmaram ainda que foram citados casos de governadores que, de um lado diziam apoiar a reforma, mas de outro estimulavam protestos contra a aprovação da matéria para enfraquecer o governo. Portanto, a avaliação, agora, é de que as questões estaduais estão sendo "devolvidas" para as áreas de origem.

— Está se devolvendo essa responsabilidade a quem de direito — afirmou um dos líderes presentes

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