Folha de S.Paulo – Angela Boldrini, Artur Rodrigue e Paula Reverbel
Um
protesto contra o governo de Michel Temer reuniu milhares em São Paulo
neste domingo (4) para pedir novas eleições. Com gritos de "diretas já!"
e faixas com o slogan "fora, Temer", o grupo ironizou a fala do
presidente no sábado (3), em visita à China, de que os atos reuniam só
40 pessoas.
"Ontem [sábado] o presidente golpista do Brasil disse que a nossa manifestação teria 40 pessoas.
Aqui estão as 40 pessoas. Já somos quase 100 mil na av. Paulista",
discursou Guilherme Boulos, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto) e um dos organizadores, no início do ato.
Em
outro ataque a Temer, Boulos disse que "melhor seria estar ao lado de
40 manifestantes do que em um governo de 40 ladrões", numa aparente
referência ao ministério do presidente que assumiu na última quarta
(31).
A manifestação foi convocada pelas frentes de esquerda Povo Sem Medo e Brasil Popular.
BOMBAS
O
ato começou às 16h30, na Paulista, seguiu em direção ao largo da Batata
(zona oeste) e foi pacífico durante quase todo o tempo. Na dispersão,
segundo relatos, um empurra-empurra em frente à estação Faria Lima do
metrô, no largo, terminou com bombas lançadas pela Polícia Militar para
dispersar a multidão.
O
tenente-coronel Henrique Motta disse que a PM foi socorrer o metrô, que
havia fechado as portas por volta das 19h, por segurança, para evitar
excesso de gente nas plataformas. Segundo Motta, tentaram forçar a
entrada para a estação.
Após
a confusão, a reportagem presenciou objetos sendo jogados na PM e
bombas atiradas contra bares onde frequentadores xingavam policiais.
A
reportagem também presenciou bombas sendo jogadas contra jornalistas.
Segundo a BBC Brasil, um de seus repórteres foi agredido com golpes de
cassetete por policiais, mesmo após ter se identificado como jornalista.
'PREMEDITADO'
Manifestantes
questionaram o coronel Motta sobre a ação. Um deles perguntou se a PM
vai ao protesto para garantir a integridade física dos manifestantes ou
para reprimir.
"A
sua pergunta é cretina. Aqui é para preservar as pessoas que vieram
manifestar. A manifestação foi linda, bonita, maravilhosa, da Paulista
até aqui. Depois elementos que estavam lá começaram a jogar garrafa.
Tinha mascarado no meio e você viu", afirmou o tenente-coronel.
A outro, disse ter "lado": "Eu represento o Estado. Eu estou aqui para manter a lei e a ordem".
Um
grupo que incluía parlamentares como o senador Lindbergh Farias
(PT-RJ), o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), a candidata a
prefeita Luiza Erundina (PSOL) e o candidato a vereador Eduardo Suplicy
(PT-SP) se colocou à frente para, segundo eles, formar barreira contra a
violência policial.
"São
Paulo está sendo o principal centro de resistência ao governo Temer, é
aqui que está tendo passeata dia a dia", disse Lindbergh, antes da
confusão.
Ele
afirmou que estuda entrar, junto com Teixeira, com uma representação
contra a violência da polícia na Corte Interamericana de Direitos
Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos). Um novo ato foi
marcado pela frente Povo sem Medo para o dia 8, às 17h, também no largo
da Batata.
Nenhum comentário:
Postar um comentário