Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
Na
campanha de 2014, o PSDB prometeu arrumar as contas públicas e zelar
pela responsabilidade fiscal. Na oposição ao governo Dilma, o partido
apoia medidas irresponsáveis que elevam despesas e agravam o descontrole
na economia.
Os
tucanos dobraram a aposta no caos nesta semana. Com uma única exceção,
eles se uniram para derrubar vetos de Dilma Rousseff a projetos que
ameaçam o ajuste fiscal.
O
governo venceu a disputa, e o PSDB ficou com a incômoda tarefa de
explicar por que está fazendo o contrário do que sempre pregou.
Dos
51 deputados do partido que analisaram os vetos presidenciais, 50
votaram a favor de derrubá-los. O único dissidente foi o paulista Samuel
Moreira, que pediu permissão aos colegas para defender as ideias que
eles abandonaram. "O PSDB não pode se descaracterizar. É possível fazer
oposição sem ser irresponsável com as contas públicas", diz ele.
Moreira
afirma que não tinha como votar contra o fator previdenciário, regra
criada pelo governo FHC para frear as aposentadorias precoces. "O
deficit da Previdência vai chegar a R$ 124 bilhões no ano que vem. Não
dá para criar despesas que o governo não poderá pagar", defende.
A
lógica por trás dos votos do PSDB é clara. O partido quer desgastar
Dilma a qualquer preço, mesmo que essa atitude ajude a empurrar o Brasil
para o buraco.
A
incoerência dos tucanos incomodou FHC. "Na minha opinião, nós temos que
pensar no futuro do país. Há outras matérias que você pode votar
contra", protestou o ex-presidente, no dia seguinte à votação.
O
presidente da sigla, Aécio Neves, lavou as mãos. "Quem foi eleito para
governar e para dar solução a essa crise é o governo do PT", declarou o
senador, nesta quinta.
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