sexta-feira, 29 de junho de 2012

ARTIGO DE OPINIÃO : O GOLPE DE ESTADO NO PARAGUAI


O golpe de Estado no Paraguai

O Brasil deverá ficar muito atento com esse golpe contra a democracia, ocorrido no Paraguai. Isto é um precedente muito grave para América Latina. Os países latino-americanos não podem permitir a volta de regimes ditatoriais em nosso continente. Esse golpe de Estado, revestido de “constitucional”, foi na verdade engendrado pela elite, a mídia e a Igreja Católica contra a um presidente eleito pela maioria do povo paraguaio. O presidente Fernando Lugo foi sumariamente julgado pelo congresso paraguaio em apenas 30 horas, sem respeitarem o legitimo direito de defesa do mesmo. Toda essa pressa se explica pelo fato de Lugo ter seu maior apoio no interior do país, onde 40% da população vivem na zona rural e o apoiam maciçamente. Fazendo um julgamento rápido, esse contingente não teria tempo para se mobilizar na defesa de Lugo.
A mídia mais uma vez dá sua parcela de contribuição nos golpes implementados na América Latina. Até o mundo mineral sabe o quanto os meios de comunicação participaram da derrubada do presidente João Goulart. A Folha de São Paulo emprestava seus carros para que a polícia repressiva do regime militar transportasse os presos políticos para serem torturados nos porões do Doi-Codi. O Globo participou ativamente da propaganda do regime e depois foi muito bem recompensada por esse apoio. Na Argentina, o grupo Clarin foi o braço direito da comunicação do regime militar que matou milhares de argentinos.
Mas o que mais nos entristece é ver a participação da Igreja Católica nesses episódios sinistros. Essa instituição (com raras exceções, como Dom Helder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns e outros) colaborou fortemente com o regime militar. Todo ensinamento de Jesus Cristo, que sempre esteve ao lado dos oprimidos e desamparados, foi esquecido por essa instituição, que ficou do lado dos ricos e conservadores. A marcha da família com Deus pela liberdade foi uma manifestação pública contra o presidente João Goulart. Essa manifestação tinha como organizador, além da elite conservadora, o padre irlandês Patrick Peyton, fundador do Movimento da Cruzada do Rosário pela família.
Em todos os golpes militares na América Latina, a Igreja Católica deu seu apoio a esses regimes hediondos. O que envergonha todos nós cristãos e joga, no lixo, os ensinamentos cristãos, de amor ao próximo e de defensor dos oprimidos. No Paraguai, não foi diferente, mais uma vez, a Igreja ficou ao lado das elites contra a vontade da maioria do povo paraguaio. Essa atitude é lamentável. É momento de muita atenção. Essa elite conservadora não admite governos populares e está fazendo de tudo para derrubar esses governos. Já que não pode vencer no voto, está criando crises para que sejam derrubados através de golpe de Estado.
Os Estados Unidos, segundo o site Wikileaks, têm financiado várias crises na América Latina para destabilizar governos progressistas. Tentaram isso em 2002, com Hugo Chave; conseguiram em Honduras, 2009 e, agora, no Paraguai. Cuidado, Brasil! É hora de ficar em alerta. Dependemos muito da energia de Itaipu. Se esse novo governo paraguaio resolver elevar os valores da energia que compramos de Itaipu, elevará também o preço da energia aqui no Brasil e, conseqüente, irá pressionar os índices inflacionários, criando uma crise econômica em nosso país, para destabilizar o governo da presidenta Dilma; por isso todo cuidado é pouco, com essa gente sem escrúpulo. Nessa semana, o mesmo site Wikileaks mostra que os EUA já sabiam desse golpe desde 2009. Documentos, de 23 de março de 2009, obtidos junto à embaixada dos EUA, compravam que realmente esse país já tramava, juntamente com as elites do Paraguai, o impeachment do presidente Fernando Lugo. Não podemos deixar morrer nosso desejo por democracia, como bem disse o pensador Albert Schweitzer “A maior tragédia não é quando o homem morre, mas a tragédia do homem é o que morre dentro dele enquanto ele ainda está vivo”.

Texto escrito pelo colaborador do blog: Professor José Fernando da Silva, Graduado em História pela UPE: Garanhuns-PE.

 

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