sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Doações 2014: PT pede para investigar chapa de Aécio

Folha de S.Paulo – Reynaldo Turollo JR.
Os advogados da campanha de Dilma Rousseff pediram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que investigue as doações da Andrade Gutierrez para a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência em 2014. A petição se baseia no depoimento que Otávio de Azevedo, ex-presidente da empreiteira, prestou ao TSE em novembro, no âmbito de ação movida pelo PSDB que julgará a cassação da chapa Dilma-Michel Temer por supostas irregularidades na campanha.
Nesse depoimento, Azevedo disse que, diferentemente do que havia informado, verificou seus recibos e viu que doou para a campanha de Aécio R$ 19 milhões, e não apenas R$ 12,6 milhões, como estava registrado na prestação de contas dos tucanos consultada por ele no site do TSE.
Foi também nesse depoimento que o executivo mudou sua versão e afirmou que, diferentemente do que havia dito antes, não repassou propina para a chapa Dilma-Temer na eleição de 2014 –o que poderia levar à cassação da chapa e, consequentemente, à perda do mandato de Temer. "Dos R$ 33,2 milhões que doamos ao PSDB [nacional], R$ 19 milhões o partido transferiu para a campanha do Aécio. Não foram R$ 12,6", disse Azevedo. Na verdade, o site do TSE registra R$ 12,7 milhões da Andrade para Aécio.
Na petição ao TSE, o PT classificou a retificação como um "fato de extrema gravidade que pode, em tese, determinar que as contas de Aécio sejam julgadas irregulares", caso fique comprovado que o PSDB não declarou tudo o que recebeu da empreiteira.
"A Andrade Gutierrez teria doado um total de R$ 19 milhões, mas, no site do TSE, somente teriam sido lançados como receita R$ 12,6 milhões, o que significa uma elevada diferença de R$ 6,4 milhões que não se sabe para onde foram e como foram declarados", apontou o PT ao TSE.
À Folha o PSDB confirmou que recebeu da Andrade os R$ 19 milhões, mas afirmou que só uma parte foi enviada diretamente para a campanha de Aécio. Outra parte foi pulverizada entre candidatos parceiros e, por fim, cerca de R$ 1,4 milhão ficou no caixa único do comitê, não sendo possível rastrear sua origem.
EXECUTIVO NA MIRA
Na última sexta (16), atendendo a pedido da defesa de Dilma, o vice-procurador-geral Eleitoral, Nicolao Dino, pediu à Procuradoria da República no Distrito Federal que apure a mudança de versão de Azevedo sobre a propina para a chapa Dilma-Temer. Para o PT, Azevedo cometeu falso testemunho a fim de prejudicar o partido.
Dino pediu ainda que se investigue se o novo depoimento de Azevedo é compatível com sua delação premiada na Lava Jato – já que, para ter benefícios, ele não pode mentir.

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