quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Auditoria externa não acha corrupção no BNDES. E o MP insiste na ‘caixa preta’

FERNANDO BRITO · o Tijolaço

Joaquim Levy caiu do BNDES porque não cumpriu a exigência de exibir a ‘caixa preta” que Jair Bosonaro exigia que fosse exibida ao público.

Não achou nenhuma.

O companheiro de baladas dos filhos bolsonáricos colocado para presidir o Banco assumiu com esta missão, mas tudo o que conseguiu foi divulgar operações de financiamento de jatos da Embraer, o que já estava na internet há muito tempo e, no caso dos compradores mais famosos, Luciano Huck e João Dória, havia sido publicado por este blog em fevereiro de 2018.

Hoje, Luiz Henrique Mendes e Francisco Goes, no Valor, dizem que, no mesmo dia em que o MP Público indica um favorecimento do banco ao grupo JBS, uma auditoria da empresa norte-americana Cleary Gottlieb Hamilton & Steen LLP, apontou que não houve pressão por tratamento diferenciado à J&F Investimentos na negociação, aprovação e ou execução
das operações investigadas entre o Banco e o frigorífico.

Apoie-se ou critique-se alinha adotada pelo BNDES que ficou conhecida como “campeões nacionais”, favorecendo a expansão de empresas brasileiras que era players nos seus respectivos mercados mundiais – e no setor de carnes a JBS e outras tiveram este papel – não se pode torcer os fatos para, lá adiante, arranjar políticos “culpados” de desviar parte destes financiamentos.

O juiz do caso, registra o Valor, Marcos Vinicius Reis, da 12a Vara Federal Criminal de Distrito Federal, ao rejeitar denúncia contra funcionáris do Banco, disse que “o próprio MPF lastreia a narrativa acusatória nas declarações prestadas pelo denunciado colaborador [Joesley Batista], utilizando os seus esclarecimentos naquilo que lhe convém e o desprezando no que entende ser
contrário à sanha persecutória”.

Parece caso semelhante à investida de ontem da PF e MP sobre o filho de Lula. A história de um ganho imenso foi checada pelo UOL, usando o laudo pericial da própria PF, no ano passado, é (ou era, porque parece que resolveram mudar) totalmente diferente:
O laudo [da PF] analisou 12 contas bancárias da Gamecorp. O valor de R$ 317 milhões corresponde ao total que entrou nestas contas entre 7 de janeiro de 2005 e 16 de fevereiro de 2016. As saídas neste período chegaram a R$ 321 milhões. O laudo não apresenta, porém, conclusões sobre possíveis irregularidades cometidas nas movimentações financeiras da empresa. Além disso, a Polícia Federal também elaborou um laudo pericial sore o patrimônio de Fábio Luís. No período entre 2004 e 2014, semelhante ao avaliado na Gamecorp, Lulinha teve cerca de R$ 5,2 milhões de rendimentos brutos – aproximadamente R$ 3,8 milhões foram oriundos da distribuição de lucros da empresa G4 Entretenimento e Tecnologia, também de sua propriedade. A conclusão da perícia é de que a evolução patrimonial foi compatível com as sobras financeiras e que não havia irregularidades nas movimentações.

Bem que aquele criativo “batizador” das ações da lava Jato poderia criar um chamado “Operação Requenta”.

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