quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Cursinho de geografia, para jornalistas, sobre o “vazamento venezuelano”

FERNANDO BRITO · no Tijolaço



Claro que a origem do óleo que está dando às praias nordestinas precisa de uma investigação.

Mas tem jornal, como o Estadão, que está engolindo uma “geografia com partido” para dizer que o óleo, por sua densidade , seria venezuelano.

Muita calma nessa hora.

Este blogueiro aqui, além de prestar atenção nas suas aulas de ginásio e curso técnico, também é filho de um professor de geografia “fissurado” por mapas.

Então, tomou a primeira providência de olhar o mapa das correntes marítimas do Nordeste brasileiro, para recordar que ali passa a Corrente Equatorial, que “lambe” a costa nordestina e se encaminha para o Caribe, onde ajuda a formar a Corrente do Golfo.

Portanto, o óleo para vir da Venezuela teria de andar na “contramão” da corrente do mar.

Poderia?

Improvável, mas admissível se houvessem condições de vento que o empurrassem.

Acontece que os ventos dominantes na região, alísios, também seguem no mesmo sentido da corrente.

É tão idiota dizer que vem da Venezuela quanto dizer que vem do Golfo do México, porque mar e vento levariam o óleo em sentido oposto.

Pode ter vindo de um navio petroleiro venezuelano? Pode, ainda mais porque a maioria deles é operado por companhias europeias ou em conjunto com a Petrochina e parte deles está sendo devolvida por conta das sanções norte-americanas.

Mas também pode ser de qualquer outro, de qualquer nacionalidade , circulando pelo Oceano Atlântico, entre a América e a África.

Poluição marinha e costeira não pode ser instrumento de exploração político-ideológica.

O óleo da Chevron que vazou na Bacia de Campos não foi uma conspiração ianque, foi fruto da imprudência e desídia da Chevron ao economizar etapas na perfuração de um poço.

Quem se deixa embarcar em vazamento “ideológico” é quem já tem a mente inapelavelmente poluída.

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