O presidente Jair Bolsonaro afirmou, na tarde de hoje, após reunião com o ministro Paulo Guedes no Ministério da Economia que não há divisão entre ala militar e ala de apoiadores do ideólogo Olavo de Carvalho no governo.
“Não existe grupo de militares nem grupo de olavos aqui. Tudo é um time só”, disse o presidente.
Segundo Bolsonaro, há coisas "muito, mas muito mais importantes" para discutir no Brasil.
“O que eu tenho falado é que, de acordo com a origem do problema, a melhor resposta é ficar quieto. Essa orientação que eu tenho falado", disse.
Mais cedo, o ex-comandante do Exército e atual assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Eduardo Villas Boas, escreveu em uma rede social que o escritor Olavo de Carvalho é um "Trotsky de direita" – intelectual de orientação marxista, Leon Trotsky foi um dos líderes da revolução russa de 1917 e um dos principais responsáveis por implementar o regime comunista naquele país.
Na publicação, Villas Boas reagiu a ataques de Olavo de Carvalho nos últimos dias, nas redes sociais, ao ministro da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
O episódio foi mais um da crise entre dois dos principais grupos dentro do governo: os militares e os seguidores de Carvalho, ideólogo do bolsonarismo e próximo dos filhos de Bolsonaro e do próprio presidente.
Indagado se o ministro Santos Cruz, segue tendo respaldo, Bolsonaro respondeu: "Completamente”. Perguntado também se “está vendo” Santos Cruz “sofrer”, o presidente disse que acompanha o caso. “Estamos em uma guerra. Eles, melhores do que vocês, estão preparados para uma guerra”, disse.
Antes de mirar o ministro, Olavo de Carvalho já havia trocado farpas com o vice-presidente Hamilton Mourão, outro general do Exército, e dirigido ataques à "ala militar" do governo, sem citar nomes específicos.
"Mais uma vez, o senhor Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às FFAA [Forças Armadas], demonstrando total falta de princípios básicos de educação, respeito, humildade e modéstia", escreveu Villas Boas.
No último dia 26, o Clube Militar, associação privada que reúne oficiais, divulgou uma nota de desagravo aos militares que fazem parte do governo de Jair Bolsonaro, na qual, sem citar nomes, critica o escritor Olavo de Carvalho. Segundo o texto, assinado pelo coronel Sérgio Paulo Muniz Costa, os militares estão sendo “atingidos pela incontinência verbal que, impune, prospera inexplicavelmente em distintas esferas de poder”.
Para o general Villas Boas, o escritor, que vive nos Estados Unidos, busca "acentuar as divergências" em um momento no qual a sociedade precisa "recuperar a coesão".
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