A frase do Prêmio Nobel de Economia Robert Shiller, ao sair da platéia que ouvira o presidente brasileiro não podia ser mais dolorosamente verdadeira: “o Brasil merece alguém melhor”.
O Brasil que Bolsonaro apresentou aos capitalistas de todo o mundo não foi o país enorme, capaz e rico que é.
Partilha – e sem talento – da mentalidade de que é ajoelhando o Brasil que se atrairá capitais para cá.
Fosse assim, dinheiro algum iria parar na China, na Coreia do Sul, na Índia, países que saltam progressivamente à condição de desenvolvidos.
Num país conformado – e até empolgado – em tirar dinheiro dos pobres, agravando a crise social pelo corte de gastos, redução dos tributos e perdas das garantias trabalhistas e previdenciárias, só se vem para saquear.
Somos a oitava economia do mundo, já fomos a sexta, não precisamos dizer que “nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiá”, que vamos baixar os impostos e convidar a turma do dinheiro a que “conheçam a nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades e nosso pantanal”.
Precisamos dizer que somos um dos maiores mercados consumidores do mundo e que muito mais ainda o seremos quando o nível de renda dos brasileiros se elevar.
Que temos uma capacidade científica e de prover mão de obra imensas, que maiores serão se o povo brasileiro puder contar com um salto na educação. E que temos tecnologia em exploração de petróleo, em construção pesada, em agricultura de alto desempenho e adequação ambiental, atrravés da Embrapa.
Precisamos dizer que acreditamos em parcerias, não em exploração colonial. Que somos uma plataforma para produzir e desenvolver a América Latina e a África, pelas identidades (e diversidades) culturais, étnicas e pela tradição de relações fraternas: um país que não faz guerras há um século e meio, quem mais pode dizer isso no mundo?
Dizer que temos 40 milhões de pessoas ao desemprego, prontas a trabalhar dignamente, que precisamos de parceiros para desenvolver nosso petróleo, nossa geração elétrica, nossa indústria química. De parceiros, não de senhores.
Precisamos de um discurso e de um líder que acredite que o Brasil, por seu tamanho territorial, pelas suas riquezas, pela sua diversidade humana, pelo seu caráter de país acolhedor e miscigenado, por tudo isso pode ser e não tem como deixar de ser uma das nações mais importantes do mundo.
Mas o que tivemos em Davos foi um anão, um sabujo, que preferiu falar de seus compromissos de eliminar a “esquerda” aqui, os bolivarianos na América e sugerir que queremos fazer negócios entrando com riquezas naturais, trabalho e que os donos da tecnologia venham para tirar um lucro fácil.
Incapaz de dizer que o Brasil é um paraíso para quem quer que venha para cá e deseje que este pais seja rico como pode ser, justo como precisa ser e livre como merece ser.
Aí está a diferença entre o sucesso de Lula em Davos, em 2003 e o fiasco de Bolsonaro em 2019.
Um, pequeno “pau de arara” de Garanhuns, era um gigante e olhava para o céu. O outro, um anão, que olha para o chão.