Robson Sávio Reis Souza Doutor em Ciências Sociais e professor da PUC Minas.
A pirotecnia – recurso utilizado em doses cavalares pelas elites,
mídia e justiça desde 2014 - não resolve a decadência de um sistema
apodrecido. Neste sentido, a mais recente pirotecnia, a prisão de Cunha,
funciona como uma espécie de "ouro de tolo": esconde a motivação real,
porque, muito provavelmente, será usada como lenitivo à prisão de Lula.
Ademais, é uma tentativa de se passar à opinião pública a impressão que o
judiciário é isento e isonômico e vivemos na normalidade democrática.
Ou seja, trata-se de dar sobrevida a um governo golpista e um projeto de
sociedade caquético, podre, elitista e excludente.
Não nos iludamos nas promessas de falsos alquimistas. Após a carta
publicada na Folha, nesta segunda, na qual o ex-presidente desafiou o
judiciário da casa grande, não sobrou alternativa aos líderes
inquisitoriais, muitos deles incrustrados na justiça.
E, a pesquisa de intenção de votos colocando Lula na dianteira da
disputa em 2018, também divulgada nas redes sociais, prova que, apesar
da globo golpista e suas sucursais, o povo não engoliu o enredo
golpista. Portanto, resta àqueles que usurpam do poder sufocar qualquer
liderança que inviabilize o projeto golpista.
Lula, inteligentemente, mesmo acuado, consolidou com o artigo a
narrativa acerca da excepcionalidade e seletividade da sina persecutória
e justiceira que abate sobre si.
O ex-presidente argumentou, também, que sua prisão tem como principal
objetivo enterrar os desejos e esperanças de um povo; uma nação; um
projeto de país mais justo, igualitário e onde caibam todos os
brasileiros e brasileiras. Neste ponto, registrou as relações imbricadas
da trama golpista, envolvendo as elites (políticas, midiáticas,
empresariais e parlamentares), segmentos da justiça e os interesses
alienígenas que patrocinaram tal empreitada.
Objetivamente, ao rejeitar qualquer proposta para escapar dos
justiceiros, Lula criou as condições para a resistência ao estado de
exceção em franca expansão no país.
Para os golpistas resta agora somente o velho recurso da "lei e da ordem".
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