Artigo de DAVIS SENA FILHO
O senador Aécio Neves (PSDB), derrotado pela
presidenta trabalhista Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais,
ainda está em plena campanha, que terminou após os resultados do segundo
turno. Contudo, o tucano surtou e lembra muito o político direitista
venezuelano, Henrique Capriles, na maneira de falar, agir e apostar em
golpe institucional, como o fez com o presidente Hugo Chávez, mesmo ao
preço de sacrificar o estado de direito, a democracia e as instituições
republicanas, pois não respeitou o resultado das urnas, a soberania da
maioria do povo, que não o elegeu.
Aécio Neves transita pelas mesmas veredas tortuosas de Capriles, e dá
uma guinada radical à direita. Por seu turno, trata-se de um senador de
atuação política e parlamentar medíocre e, por sua vez, o eleitorado de
Minas Gerais o reprovou, porque os mineiros elegeram para governador o
petista Fernando Pimentel, além de Dilma ter vencido o candidato do PSDB
em seu próprio Estado, fatos que se tornam muito emblemáticos, porque o
povo mineiro ratificou o provérbio popular “Quem não te conhece que te
compre”. Como os mineiros sabem de quem se trata, o tucano perdeu em sua
terra e hoje tem a desfaçatez de se considerar vitorioso mesmo a ser
derrotado pelo PT.
As reações do político mineiro após a derrota eleitoral são, no
mínimo, estapafúrdias e de fundo psicótico. Seus pronunciamentos não são
normais, porque não correspondem aos fatos, depõem contra as realidades
apresentadas e distorcem a verdade. Aécio, juntamente com sua trupe
aboletada no PSDB, no DEM e na imprensa de negócios privados cada vez
mais golpista e descaradamente mentirosa, simplesmente se aliou a uma
direita histérica e que até agora não se conformou com a derrota nas
urnas para o PT e passou, colericamente a discursar em favor da
instabilidade democrática, do desequilíbrio entre os poderes e,
consequentemente, passou a flertar, inquestionavelmente, com a
possibilidade de um golpe de estado.
Uma oposição que edifica os tijolos de um processo golpista e
irresponsável ao não reconhecer a vitória de sua adversária trabalhista,
fato este que eleva os ânimos de segmentos conservadores e reacionários
da sociedade, perigosos à normalidade democrática, que invadem as
galerias do Congresso para ofender com palavras de baixo calão
parlamentares da base do Governo, eleitos pelo povo, que estão a votar,
por exemplo, matérias importantes para o País, a exemplo do Projeto que
altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014, que permite a revisão
da meta de resultado fiscal.
A oposição tucana e seus aliados trataram, com a participação da
imprensa de mercado e familiar, a questão como se fosse um golpe do
Governo Trabalhista para não cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, o
que, indubitavelmente, não é verdade, mas, sim, uma deslavada mentira. A
verdade é a seguinte: o Governo Trabalhista quer descontar da meta
fiscal os investimentos no PAC, além de recuperar as perdas de receitas
provenientes de incentivos fiscais concedidos a empresas privadas, pois o
objetivo era fazer a roda da economia girar e, por conseguinte,
combater a crise internacional por intermédio da manutenção dos
programas sociais e da criação de empregos, o que foi feito,
indelevelmente.
Contudo, muitas empresas, mesmo a receber incentivos fiscais e vender
seus produtos como nunca aconteceu antes neste País, muitas delas
mantiveram seus preços altos, a despeito das desonerações, realidades
estas que acenderam a luz vermelha do Governo petista, que deixou de
arrecadar para favorecer empresas cujos empresários gananciosos e sem
quaisquer compromissos com o País e seu povo se beneficiaram com imensas
vendas, sem, contudo, dar a contrapartida. Um verdadeiro absurdo.
Na outra ponta de interesses políticos e inconfessáveis, porque de
essências golpistas, o PSDB, à frente o candidato derrotado Aécio Neves,
com o apoio de uma imprensa alienígena, que há muito tempo deixou de
fazer jornalismo para se transformar em um partido oficioso, golpista e
de direita, começou a distorcer todo esse processo ao dizer em plenário
que o Governo Trabalhista não quer cumprir com o superávit primário para
pagar a dívida pública e os juros embutidos, o que não é a verdade.
O Governo Dilma, como já disse anteriormente, quer melhorar a
arrecadação e evitar, sobremaneira, os cortes no Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) e nos programas sociais, responsáveis maiores pela
manutenção dos empregos dos brasileiros e, sem sombra de dúvida, pelo
aquecimento da economia. Esta é a verdade. Ponto. O que sobra é mentira,
leviandade, engodo, trapaça, cinismo e hipocrisia de uma oposição
midiática e partidária de direita, que deseja o poder a qualquer custo.
A oposição, inconformada e desesperada por estar há 12 anos sem
controlar o Governo Federal, ainda vai ficar mais quatro anos a ver
navios, pois instituições como o Banco do Brasil, a Petrobras, o BNDES, a
Caixa e o Itamaraty vão continuar a trabalhar para efetivar os
programas de inclusão social do povo brasileiro, bem como o Brasil vai
permanecer no caminho do desenvolvimento, em busca de novas parcerias e a
favor de aprimorar e fortalecer instituições como os Brics, a Unasul, o
Mercosul e o G-20.
São essas questões, além de muitas outras, que deixam a Casa Grande,
proprietária escravagista de seres humanos por quase quatro séculos, tão
revoltada, que se dispõe a criminalizar o Governo Trabalhista e o PT,
assim como judicializa a política sistematicamente, toda vez que recebe
críticas ou perde votações em plenário, por não ter, evidentemente,
maioria parlamentar.
O jogo político do PSDB, do DEM, da mídia empresarial e de setores
importantes do Ministério Público, do STF e da Policia Federal é pesado e
sujo. Este conjunto partidário não oficial e que age de forma
visivelmente ordenada para atingir seus propósitos pretende
desestabilizar o Governo com a finalidade de conquistar o poder por via
judicial. Considero bastante questionável o político do Supremo, Gilmar
Mendes, um juiz direitista e opositor manifesto e feroz dos governantes
trabalhistas ser o responsável pela aprovação ou não das contas da
campanha presidencial do PT.
Simplesmente, surreal! E a desfaçatez não para por aí. Tal magistrado
é também o relator do processo de interpelação criminal contra o tucano
Aécio Neves, que declarou, irresponsavelmente e sordidamente, que
perdeu a eleição para uma organização criminosa. Acabou a pantomima
política? Lógico que não. O juiz de direita, inimigo do PT e do Governo
Trabalhista ainda vai decidir, a seu bel-prazer, quando vai devolver o
projeto que proíbe o financiamento privado de campanhas políticas, que
abastece o caixa dois dos partidos e causa transtornos políticos e
institucionais ao País, além de ser usado criminosamente pelas mídias
comerciais para desestabilizar a democracia.
O “mensalão”, o do PT, parou nas barras dos tribunais e algumas
lideranças do partido foram presas. Entretanto, os responsáveis pelos
mensalões do PSDB e do DEM estão soltos, lépidos e fagueiros, a rirem da
cara do povo e talvez a chamar de “otários” os petistas presos. O
mensalão tucano completou aniversário de dez anos de impunidade este
ano, ou seja, caducou, e certamente nenhum criminoso emplumado vai ser
preso ou ser alvo de notícias da imprensa corporativa, que sempre os
blindou.
Os responsáveis pelas injustiças e impunidades ora praticadas são,
inapelavelmente, o Ministério Público Federal e o Supremo Tribunal
Federal, que jamais quiseram investigar, de verdade, esse grave
processo, que atinge, em cheio, os tucanos. Mas, Gilmar Mendes, juiz que
toma partido e se pronuncia sobre processos que estão em andamento e
que ele vai julgar, considera-se inatingível e por isso toma atitudes
nefastas ao País como, por exemplo, pedir vista para se “inteirar”
melhor sobre o projeto que proíbe o financiamento privado de campanhas
políticas.
Há oito meses o condestável juiz se recusa a devolver o projeto. Por
seis votos a um, a Suprema Corte decidiu pela aprovação da matéria,
sendo que vai ganhar um prêmio quem acertar de quem foi único voto
favorável ao financiamento privado. Já adivinharam? É isto mesmo: o voto
contra o principal bandeira da reforma política é de... Gilmar Mendes!
Quer dizer que um juiz sabedor que as campanhas financiadas por empresas
podem acabar em mensalões e prisões, continua a insistir no erro? E ele
é juiz! Seria cômico e surreal se não fosse trágico.
Autoritário e desmedido quando se trata de seus interesses e dos
grupos os quais defende ou se associa, o juiz Gilmar Mendes, a meu ver,
deveria sofrer um processo de impeachment no Senado, porque se
verificarem com seriedade e determinação o que este cidadão fez ou
deixou de fazer, na posição de magistrado do STF, certamente os
investigadores, corregedores e promotores ficariam de cabelo em pé ou
completamente com o pensamento atrapalhado por não compreenderem o
porquê de um juiz incorrer em tantos erros e nunca ser denunciado por
crimes de responsabilidade
Todavia, Gilmar vai ter de devolver o que não lhe pertence: o País.
Também vai ter de ser, pela primeira vez na vida, imparcial, pois está a
verificar as contas de campanha de Dilma Rousseff, e o PSDB, agremiação
que sempre recorre ou consulta o juiz nomeado por FHC — o Neoliberal I —
pediu no sábado, dia 29 de outubro, a reprovação das contas do PT e da
presidenta.
Aécio Neves é o PSDB atuam em todos os setores para inviabilizar o
Governo Trabalhista e engessar, com a cooperação do Judiciário e do MP,
as ações e os programas do Governo, até porque esses setores
conservadores sabem que dar um golpe em Dilma Rousseff vai ter séria
consequências, inclusive com a tomada das ruas pelas forças populares e
de segmentos da sociedade organizada, a exemplo dos sem tetos, dos sem
terras, dos sindicados, das federações e confederações de trabalhadores,
da OAB, da ABI, da UNE e de setores legalistas das Forças Armadas, do
Congresso, do Judiciário, além dos governadores que apoiam o Governo
Trabalhista e controlam as polícias militares e civis de seus estados.
Apostar em golpes é suicídio político e desrespeito à história, porque
quando ela se repete acontece em forma de farsa.
Chega a ser uma leviandade o senhor Aécio Neves afirmar que o Governo
Dilma é ilegítimo, porque venceu embates, por intermédio do voto, nos
plenários do Congresso. O candidato mineiro foi derrotado e o senador
está surtado, de forma similar aos radicais de direita da classe média,
que foram às ruas pedir impeachment e golpe militar ou invadiram o
Congresso para ilegalmente impedir votações e lançar ofensas àqueles que
foram eleitos pelo povo para deliberar, legislar e governar.
Autoridades da grandeza institucional de Aécio Neves e Gilmar Mendes
deveriam parar de se comportar como anões políticos, apesar de cada ente
humano ser medido historicamente pelos seus atos e ações. A bandalheira
e o golpe tem um nome: direita. É isso aí.