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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Aécio surtou, Gilmar, bandalheira e imprensa golpista

Artigo de DAVIS SENA FILHO
O senador Aécio Neves (PSDB), derrotado pela presidenta trabalhista Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais, ainda está em plena campanha, que terminou após os resultados do segundo turno. Contudo, o tucano surtou e lembra muito o político direitista venezuelano, Henrique Capriles, na maneira de falar, agir e apostar em golpe institucional, como o fez com o presidente Hugo Chávez, mesmo ao preço de sacrificar o estado de direito, a democracia e as instituições republicanas, pois não respeitou o resultado das urnas, a soberania da maioria do povo, que não o elegeu.
Aécio Neves transita pelas mesmas veredas tortuosas de Capriles, e dá uma guinada radical à direita. Por seu turno, trata-se de um senador de atuação política e parlamentar medíocre e, por sua vez, o eleitorado de Minas Gerais o reprovou, porque os mineiros elegeram para governador o petista Fernando Pimentel, além de Dilma ter vencido o candidato do PSDB em seu próprio Estado, fatos que se tornam muito emblemáticos, porque o povo mineiro ratificou o provérbio popular “Quem não te conhece que te compre”. Como os mineiros sabem de quem se trata, o tucano perdeu em sua terra e hoje tem a desfaçatez de se considerar vitorioso mesmo a ser derrotado pelo PT.
As reações do político mineiro após a derrota eleitoral são, no mínimo, estapafúrdias e de fundo psicótico. Seus pronunciamentos não são normais, porque não correspondem aos fatos, depõem contra as realidades apresentadas e distorcem a verdade. Aécio, juntamente com sua trupe aboletada no PSDB, no DEM e na imprensa de negócios privados cada vez mais golpista e descaradamente mentirosa, simplesmente se aliou a uma direita histérica e que até agora não se conformou com a derrota nas urnas para o PT e passou, colericamente a discursar em favor da instabilidade democrática, do desequilíbrio entre os poderes e, consequentemente, passou a flertar, inquestionavelmente, com a possibilidade de um golpe de estado.
Uma oposição que edifica os tijolos de um processo golpista e irresponsável ao não reconhecer a vitória de sua adversária trabalhista, fato este que eleva os ânimos de segmentos conservadores e reacionários da sociedade, perigosos à normalidade democrática, que invadem as galerias do Congresso para ofender com palavras de baixo calão parlamentares da base do Governo, eleitos pelo povo, que estão a votar, por exemplo, matérias importantes para o País, a exemplo do Projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014, que permite a revisão da meta de resultado fiscal.
A oposição tucana e seus aliados trataram, com a participação da imprensa de mercado e familiar, a questão como se fosse um golpe do Governo Trabalhista para não cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que, indubitavelmente, não é verdade, mas, sim, uma deslavada mentira. A verdade é a seguinte: o Governo Trabalhista quer descontar da meta fiscal os investimentos no PAC, além de recuperar as perdas de receitas provenientes de incentivos fiscais concedidos a empresas privadas, pois o objetivo era fazer a roda da economia girar e, por conseguinte, combater a crise internacional por intermédio da manutenção dos programas sociais e da criação de empregos, o que foi feito, indelevelmente.
Contudo, muitas empresas, mesmo a receber incentivos fiscais e vender seus produtos como nunca aconteceu antes neste País, muitas delas mantiveram seus preços altos, a despeito das desonerações, realidades estas que acenderam a luz vermelha do Governo petista, que deixou de arrecadar para favorecer empresas cujos empresários gananciosos e sem quaisquer compromissos com o País e seu povo se beneficiaram com imensas vendas, sem, contudo, dar a contrapartida. Um verdadeiro absurdo.
Na outra ponta de interesses políticos e inconfessáveis, porque de essências golpistas, o PSDB, à frente o candidato derrotado Aécio Neves, com o apoio de uma imprensa alienígena, que há muito tempo deixou de fazer jornalismo para se transformar em um partido oficioso, golpista e de direita, começou a distorcer todo esse processo ao dizer em plenário que o Governo Trabalhista não quer cumprir com o superávit primário para pagar a dívida pública e os juros embutidos, o que não é a verdade.
O Governo Dilma, como já disse anteriormente, quer melhorar a arrecadação e evitar, sobremaneira, os cortes no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e nos programas sociais, responsáveis maiores pela manutenção dos empregos dos brasileiros e, sem sombra de dúvida, pelo aquecimento da economia. Esta é a verdade. Ponto. O que sobra é mentira, leviandade, engodo, trapaça, cinismo e hipocrisia de uma oposição midiática e partidária de direita, que deseja o poder a qualquer custo.
A oposição, inconformada e desesperada por estar há 12 anos sem controlar o Governo Federal, ainda vai ficar mais quatro anos a ver navios, pois instituições como o Banco do Brasil, a Petrobras, o BNDES, a Caixa e o Itamaraty vão continuar a trabalhar para efetivar os programas de inclusão social do povo brasileiro, bem como o Brasil vai permanecer no caminho do desenvolvimento, em busca de novas parcerias e a favor de aprimorar e fortalecer instituições como os Brics, a Unasul, o Mercosul e o G-20.
São essas questões, além de muitas outras, que deixam a Casa Grande, proprietária escravagista de seres humanos por quase quatro séculos, tão revoltada, que se dispõe a criminalizar o Governo Trabalhista e o PT, assim como judicializa a política sistematicamente, toda vez que recebe críticas ou perde votações em plenário, por não ter, evidentemente, maioria parlamentar.
O jogo político do PSDB, do DEM, da mídia empresarial e de setores importantes do Ministério Público, do STF e da Policia Federal é pesado e sujo. Este conjunto partidário não oficial e que age de forma visivelmente ordenada para atingir seus propósitos pretende desestabilizar o Governo com a finalidade de conquistar o poder por via judicial. Considero bastante questionável o político do Supremo, Gilmar Mendes, um juiz direitista e opositor manifesto e feroz dos governantes trabalhistas ser o responsável pela aprovação ou não das contas da campanha presidencial do PT.
Simplesmente, surreal! E a desfaçatez não para por aí. Tal magistrado é também o relator do processo de interpelação criminal contra o tucano Aécio Neves, que declarou, irresponsavelmente e sordidamente, que perdeu a eleição para uma organização criminosa. Acabou a pantomima política? Lógico que não. O juiz de direita, inimigo do PT e do Governo Trabalhista ainda vai decidir, a seu bel-prazer, quando vai devolver o projeto que proíbe o financiamento privado de campanhas políticas, que abastece o caixa dois dos partidos e causa transtornos políticos e institucionais ao País, além de ser usado criminosamente pelas mídias comerciais para desestabilizar a democracia.
O “mensalão”, o do PT, parou nas barras dos tribunais e algumas lideranças do partido foram presas. Entretanto, os responsáveis pelos mensalões do PSDB e do DEM estão soltos, lépidos e fagueiros, a rirem da cara do povo e talvez a chamar de “otários” os petistas presos. O mensalão tucano completou aniversário de dez anos de impunidade este ano, ou seja, caducou, e certamente nenhum criminoso emplumado vai ser preso ou ser alvo de notícias da imprensa corporativa, que sempre os blindou.
Os responsáveis pelas injustiças e impunidades ora praticadas são, inapelavelmente, o Ministério Público Federal e o Supremo Tribunal Federal, que jamais quiseram investigar, de verdade, esse grave processo, que atinge, em cheio, os tucanos. Mas, Gilmar Mendes, juiz que toma partido e se pronuncia sobre processos que estão em andamento e que ele vai julgar, considera-se inatingível e por isso toma atitudes nefastas ao País como, por exemplo, pedir vista para se “inteirar” melhor sobre o projeto que proíbe o financiamento privado de campanhas políticas.
Há oito meses o condestável juiz se recusa a devolver o projeto. Por seis votos a um, a Suprema Corte decidiu pela aprovação da matéria, sendo que vai ganhar um prêmio quem acertar de quem foi único voto favorável ao financiamento privado. Já adivinharam? É isto mesmo: o voto contra o principal bandeira da reforma política é de... Gilmar Mendes! Quer dizer que um juiz sabedor que as campanhas financiadas por empresas podem acabar em mensalões e prisões, continua a insistir no erro? E ele é juiz! Seria cômico e surreal se não fosse trágico.
Autoritário e desmedido quando se trata de seus interesses e dos grupos os quais defende ou se associa, o juiz Gilmar Mendes, a meu ver, deveria sofrer um processo de impeachment no Senado, porque se verificarem com seriedade e determinação o que este cidadão fez ou deixou de fazer, na posição de magistrado do STF, certamente os investigadores, corregedores e promotores ficariam de cabelo em pé ou completamente com o pensamento atrapalhado por não compreenderem o porquê de um juiz incorrer em tantos erros e nunca ser denunciado por crimes de responsabilidade
Todavia, Gilmar vai ter de devolver o que não lhe pertence: o País. Também vai ter de ser, pela primeira vez na vida, imparcial, pois está a verificar as contas de campanha de Dilma Rousseff, e o PSDB, agremiação que sempre recorre ou consulta o juiz nomeado por FHC — o Neoliberal I — pediu no sábado, dia 29 de outubro, a reprovação das contas do PT e da presidenta.
Aécio Neves é o PSDB atuam em todos os setores para inviabilizar o Governo Trabalhista e engessar, com a cooperação do Judiciário e do MP, as ações e os programas do Governo, até porque esses setores conservadores sabem que dar um golpe em Dilma Rousseff vai ter séria consequências, inclusive com a tomada das ruas pelas forças populares e de segmentos da sociedade organizada, a exemplo dos sem tetos, dos sem terras, dos sindicados, das federações e confederações de trabalhadores, da OAB, da ABI, da UNE e de setores legalistas das Forças Armadas, do Congresso, do Judiciário, além dos governadores que apoiam o Governo Trabalhista e controlam as polícias militares e civis de seus estados. Apostar em golpes é suicídio político e desrespeito à história, porque quando ela se repete acontece em forma de farsa.
Chega a ser uma leviandade o senhor Aécio Neves afirmar que o Governo Dilma é ilegítimo, porque venceu embates, por intermédio do voto, nos plenários do Congresso. O candidato mineiro foi derrotado e o senador está surtado, de forma similar aos radicais de direita da classe média, que foram às ruas pedir impeachment e golpe militar ou invadiram o Congresso para ilegalmente impedir votações e lançar ofensas àqueles que foram eleitos pelo povo para deliberar, legislar e governar. Autoridades da grandeza institucional de Aécio Neves e Gilmar Mendes deveriam parar de se comportar como anões políticos, apesar de cada ente humano ser medido historicamente pelos seus atos e ações. A bandalheira e o golpe tem um nome: direita. É isso aí.


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