Por João Valadares – Folha de São Paulo
Uma operação policial, que envolveu agentes da Bahia, de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, prendeu na manhã desta segunda-feira (1) três pessoas suspeitas de participarem de um esquema fraudulento de venda de respiradores que seriam usados no enfrentamento da pandemia de Covid-19.
Além das três prisões, realizadas no Rio de Janeiro e em Brasília, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão.
De acordo com informações repassadas pelo Consórcio Nordeste, bloco formado pelos estados nordestinos com o objetivo de realizar ações públicas de maneira conjunta, a empresa HempCare apresentava-se como revendedora de equipamentos hospitalares.
O grupo pagou de maneira antecipada R$ 48 milhões pela compra de 300 respiradores. O contrato foi assinado no dia 8 de abril e os aparelhos deveriam ter sido entregues nos dias 18 e 23 de abril. Após o não cumprimento do cronograma estabelecido, um novo prazo foi acordado e os estados deveriam ter recebido os equipamentos até 15 de maio.
Como a empresa não cumpriu os prazos e não devolveu o dinheiro, o Consórcio acionou a Polícia Civil da Bahia, que instaurou um inquérito.
Os investigadores descobriram então que a empresa não tinha os respiradores. A empresa informou ao Consórcio Nordeste que os ventiladores pulmonares, que seriam produzidos na China, tinham apresentado defeito em uma válvula.
Cada equipamento custou R$ 160 mil. A Bahia fez um aporte R$ 9,6 milhões por 60 ventiladores. Os outros oito estados nordestinos receberiam 30 respiradores cada.
A delegada Fernanda Asfora, da Polícia Civil da Bahia, destacou que, durante a operação, apenas um equipamento foi apreendido. De acordo com ela, o aparelho servia apenas como mostruário para conferir credibilidade ao negócio no momento em que os contratos eram fechados.
Conforme as investigações, a empresa tentou negociar de forma fraudulenta com vários entes públicos, entre eles hospitais de campanha e de base do Exército de Brasília.
Mais de 150 contas bancárias vinculadas ao grupo foram bloqueadas pela Justiça. O governo da Bahia informou que os detalhes da operação vão ser apresentados em uma coletiva nesta segunda-feira. A empresa ainda não se pronunciou sobre o assunto.
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