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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Vampeta vai para o céu

Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo
Em 2002, Vampeta entrou para a crônica política numa visita da seleção a Brasília. Após ser condecorado pelo presidente Fernando Henrique, o jogador desceu a rampa do Planalto às cambalhotas. Anos depois, ele ofereceria uma explicação para o excesso de irreverência. "Lógico que eu estava bêbado. A gente bebe sem ganhar nada, imagina sendo campeão do mundo. Eu estava pra lá de Bagdá", contou.

Nesta terça, o ex-volante reapareceu no noticiário da capital federal. Ele foi citado pelo delator Lucio Funaro em mais uma negociata atribuída a Eduardo Cunha. O doleiro disse ter comprado um flat de Vampeta para a enteada do peemedebista. A repórter Camila Mattoso entrevistou o ex-volante, que não foi acusado de nenhum ato ilegal. Malandro, ele ainda fez piada com o episódio.
"Queria ser amigo desses caras, pra eles colocarem R$ 51 milhões na minha conta", disse, citando a quantia encontrada no bunker do ex-ministro Geddel Vieira Lima. "Se fosse comigo, diria que era bicho pelas tantas vitórias em cima do Palmeiras e do São Paulo", acrescentou.
Além de entregar as roubalheiras da turma que liderou o impeachment, Funaro tem criado situações inusitadas nos depoimentos à Lava Jato. Nesta terça, xingou Joesley Batista por não ter pago uma propina prometida à quadrilha. "Ele deu um tombo em mim, no Geddel e no Eduardo Cunha", disse, indignado. "Se ele fosse me pagar o que me roubou, porque ele é um ladrão, seriam R$ 81 milhões", protestou.
Em outro momento, o doleiro contestou uma ameaça de morte relatada por Fábio Cleto, que admitiu desfalques na Caixa Econômica Federal. "Não disse que ia pôr fogo na casa dele. Falei que ia pedir para o Nenê Constantino pôr fogo na casa dele com os filhos dentro", esclareceu.
Apesar do apelido inspirado no tinhoso, Vampeta é um santo diante de Funaro e seus amigos do PMDB. Merece ir para o céu sem escalas —e com direito a cambalhotas.

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