Helena Chagas no Blog os Divergentes
Ninguém espera surpresas na votação desta quarta em que a Câmara deverá enterrar a segunda denúncia contra Michel Temer. Mas o tamanho da vitória do Planalto, que os governistas temem ser menor do que os 263 da primeira vez, será decisivo para o rearranjo das forças do campo da centro-direita para 2018. Vai ficar claro, por exemplo, se os partidos hoje aliados do governo, a base do impeachment de Dilma Rousseff, terão condições de marchar juntos ou se vão se dividir em candidaturas presidenciais concorrentes.
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O comportamento do PSDB, sobretudo o do governador Geraldo Alckmin, será olhado com lupa. Dividido ao meio na primeira denúncia (20 x 21), com boa parte da bancada paulista contra Temer, o partido tende a se fragmentar novamente – o que poderá reforçar os argumentos do Centrão, que está de olho em seus ministérios, e precipitar um desembarque tucano do governo, na base do cada um por si em 2018.
Do ponto de vista eleitoral, esse desfecho não seria ruim para Alckmin, que vai se consolidando como candidato mais viável do PSDB. Até mesmo a manobra de Temer de se aproximar de seu rival João Doria, estimulando sua candidatura pelo PMDB, não parece mais tão perigosa para o governador. O prefeito de São Paulo caiu nas pesquisas e não representaria mais uma grande ameaça.
Mas uma coisa é não querer a presença ostensiva de um presidente impopular em seu palanque. Outra, bem diferente, é tê-lo como adversário, apoiando uma outra candidatura, com a caneta na mão e a forte máquina do PMDB solta a serviço de outros pelo país. Um eventual desembarque tucano do governo poderia levar Temer a ter um outro candidato – Henrique Meirelles, quem sabe -, que seria o destinatário de toda essa ajuda da máquina e, ainda que sem chances de eleição, poderia dividir os votos do eleitorado do centro para a direita. E isso Alckmin não quer.
É por isso que as apostas, embora apontando um placar mais uma vez dividido no PSDB, são de que, diferentemente do que ocorreu na primeira denúncia, o governador de S.Paulo não atrapalhará a vida de Temer na quarta-feira. Amigos comuns vão mais adiante e dizem até que os dois já estão entendidos em torno de uma possível aliança PSDB-PMDB em 2018.
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