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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Blindar Moreira mostra o que de fato move o governo



Elio Gaspari – Folha de S.Paulo
No mesmo dia em que mandou uma mensagem ao Congresso dizendo que "é hora de encarar sem rodeios as grandes reformas de que o Brasil precisa", o presidente Michel Temer nomeou seu bom amigo Wellington Moreira Franco para a função ministerial de secretário-geral da Presidência da República
A promoção, que poderia ser vista como um passo para "as grandes reformas de que o Brasil precisa", foi apenas uma blindagem do parceiro. Moreira é citado 34 vezes numa só colaboração de um diretor da Odebrecht. Numa planilha da empreiteira, ele é chamado de "Angorá". Feito ministro, ganhou foro especial, livrando-se de juízes como Sergio Moro e Marcelo Bretas.
Eunício Oliveira assumiu a presidência do Senado desejando que a Casa "não perca essa corrente contemporânea da luta contra a corrupção neste país". Na mesma planilha de "Angorá", Eunício é referido como o "Índio".
Rodrigo Maia, chamado de "Botafogo", assumiu a presidência da Câmara prometendo uma Casa "reformista" e aborreceu-se quando ouviu que há parlamentares "enrolados" na Lava Jato. "Citados", corrigiu. De fato, há os citados e os "enrolados", como Renan Calheiros. O "citado" de hoje pode ser o Sérgio Cabral de amanhã.
A jornada reformista de Temer, Maia e Eunício foi abafada pelo estrondo da blindagem de Moreira. Não é o interesse pelas reformas que move o governo. É o medo do que vem por aí na Lava Jato. A agenda liberal é uma grande máscara, atrás da qual se escondem os velhos e bons oligarcas. Fizeram isso durante o mandarinato de Fernando Collor e deu no que deu.

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