Fernanda Cruz e Léo Rodrigues – Repórteres da Agência Brasil
O advogado José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro da
Fazenda, Guido Mantega, preso hoje (22) na Operação Arquivo X, e depois
solto, disse que a prisão - efetuada pela Polícia Federal - foi
“absolutamente desnecessária”.
“As liberdades públicas e individuais estão sequestradas no Brasil e o
cativeiro delas é no estado do Paraná, em Curitiba”, disse Batochio.
Ele falou à imprensa, que aguarda a saída de Mantega, do lado de fora da
sede da Polícia Federal, na capital paulista, onde o ex-ministro chegou
às 9h30. Um pequeno grupo de manifestantes que apoia a prisão de
Mantega se formou no local.
Mantega foi preso no Hospital Albert Einstein, na capital paulista,
no início da manhã. Ele acompanhava a esposa, que tem câncer e estava
sendo anestesiada para passar por uma cirurgia. Segundo o advogado, os
policiais estiveram às 6h no apartamento de Mantega, em Pinheiros, zona
oeste, mas encontraram apenas o filho adolescente e a empregada
doméstica.
Ao ser informado sobre a chegada dos policiais, o advogado orientou,
por telefone, que Mantega deixasse o Centro Cirúrgico e descesse ao
saguão. “Eu disse: é melhor sair daí, senão vai gerar um tumulto”,
contou Batochio. O ex-ministro recebeu voz de prisão quando já estava no
saguão.
Em nota, a Polícia Federal informa que agiu com discrição, inclusive
com viatura descaracterizada. “Tanto no local da busca como no hospital,
todo o procedimento foi realizado de forma discreta, sem qualquer
ocorrência e com integral colaboração do investigado”.
Na casa e no escritório do acusado, foram apreendidos celulares e
notebooks. A prisão temporária terá duração de cinco dias e tem por
finalidade colher depoimentos e preservar as provas.
Doação
O advogado de Mantega negou as acusações do empresário Eike Batista
de que Guido Mantega, que à época era presidente do Conselho de
Administração da Petrobras, teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos
Trabalhadores (PT), para pagamento de uma dívida de campanha de 2010.
“Ele propôs uma delação contra alguém de visibilidade, que fosse
importante, para que o delatado fosse preso e não ele”, disse o
advogado. “Segundo a acusação, o ministro teria solicitado a ele [Eike]
que colaborasse pagando uma dívida de campanha de 2010, isso em 1º de
novembro de 2012, fora do calendário eleitoral”, disse Batochio.
O advogado admite que Mantega possa ter se reunido em algum momento
com o empresário Eike Batista. “O ministro tem, por obrigação, uma
agenda pública, em permanente contato e diálogo com toda a cadeia
produtiva brasileira, no sentido de discutir políticas públicas em todos
os setores. O ministro da Fazenda é obrigado a conversar com todos os
empresários, mas jamais tratou de doação de qualquer valor”, reiterou.
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