Até
outro dia, um pesadelo perturbava o sono da presidente Dilma Rousseff.
Em 15 de novembro, o PMDB faria um grande congresso para proclamar o
rompimento com o governo e o apoio à abertura de um processo de
impeachment.
O
roteiro, traçado por aliados do vice Michel Temer, tem pouco a ver com o
que acontecerá nesta terça em Brasília. O evento não cairá no feriado
nacional, não será um congresso e não marcará uma ruptura. No que
depender de alguns peemedebistas, não será nem grande.
O
diretório do Rio, por exemplo, adotou a tática do boicote. O governador
Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o deputado Leonardo
Picciani, líder do partido na Câmara, não vão dar as caras. Os três
defendem a permanência de Dilma.
O
deputado Eduardo Cunha deve aparecer, embora a cúpula do PMDB
preferisse o contrário. Para Temer, uma foto ao lado do vendedor de
carne moída não será exatamente um reforço na imagem.
O
congresso do PMDB foi esvaziado porque o balão do impeachment, inflado
por Cunha, murchou junto com o deputado. Sem a perspectiva de um governo
Temer, restou ao partido promover um encontro da Fundação Ulysses
Guimarães.
"Se
fosse um congresso, ia ter pauleira. Como virou um encontro da
fundação, não vamos decidir nada. A ideia é discutir um programa para o
país", diz o senador Romero Jucá.
A ameaça de rompimento também perdeu força porque o PMDB aproveitou a crise para exigir o de sempre: mais cargos e ministérios.
A
ala oposicionista do partido reconhece que o plano do impeachment ficou
distante. Mesmo assim, há quem aposte no discurso do vice fará hoje
para provocar mais alguma turbulência para Dilma.
"Toda
vez que o Temer fala, cria uma crise danada com os petistas. Se ele
discursa é porque está conspirando, e se fica calado é porque quer dar
golpe", diverte-se o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
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