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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A retomada da migração em Pernambuco

Por Doriel Barros*
Um fenômeno identificado no meio rural, em décadas passadas, volta a chamar a atenção: as pessoas estão deixando o campo para morar nas cidades. No entanto, desta vez, os motivos são bem diferentes dos identificados naquele tempo, quando homens e mulheres fugiam da fome e da sede. Um conjunto de políticas importantes acessadas pelos trabalhadores e trabalhadoras, a exemplo da aposentadoria, moradia, cisternas, Pronaf, Garantia Safra, fez com que a migração das famílias praticamente acabasse. Porém, ultimamente, com o aumento da violência no meio rural, muita gente passou a abandonar suas terras e casas em busca de uma suposta segurança nos espaços urbanos, ou vilas rurais, provocando uma retomada do êxodo.
O crescente número de roubos e assaltos no campo tem provocado tensão e medo nos trabalhadores e trabalhadoras, em particular nos aposentados rurais, que são as maiores vítimas. Eles representam, hoje, uma fonte de recursos extremamente importante, sendo os responsáveis, em grande parte dos municípios, por uma receita maior que o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Dados da Previdência Social apontam que Pernambuco movimenta, somente de benefícios rurais, uma média de R$ 405 milhões, mensalmente. Isso tem um impacto enorme na economia dos municípios e do estado. Sem esses recursos, mercadinhos e lojas não conseguiriam se manter em funcionamento.
Porém o que chama a atenção é a migração das pessoas nessa fase da vida, sem que o Estado faça nada para reverter essa situação, mesmo sabendo do impacto social que isso tem causado. Esses idosos têm toda uma história no campo, onde construíram suas famílias e relações de amizade. Com as atuais mudanças, é gerado outro modo de vida para esses homens e mulheres, que sofrem com essa nova realidade e, muitas vezes, não têm forças para reagir.
É fundamental que o Estado chegue aos locais onde essas pessoas vivem. É preciso que se criem mecanismos de segurança pública para garantir a integridade física das famílias que moram e trabalham no campo, a exemplo de patrulhas rurais. O interior de Pernambuco possui mais de 270 mil estabelecimentos rurais, com milhares de pessoas produzindo alimentos, e tantos outros milhares aposentados, que contribuíram e ainda contribuem para o desenvolvimento do estado.
A ausência de policiamento do meio rural é algo gritante. É preciso criar uma diretoria na estrutura do Estado voltada para esse espaço. Não podemos conviver com essa diferença no acesso às políticas por quem mora na cidade e quem mora no campo. Infelizmente, são nesses momentos que a gente sente muito mais a falta que faz ter um deputado na Assembleia que defenda e lute por um campo com gente feliz.
*Presidente da Fetape

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