Da leitura dos jornais,
tudo o que se extrai da “denúncia” do ratinho de Eduardo Cunha nos
negócios da Petrobras, o tal Fernando Baiano é que, em relação ao
ex-presidente Lula o que ele tem é exatamente nada.
Vejamos: Baiano diz que chamou o tal José Carlos Bumlai para fazer
Lula discutir a entrada de grupos no projeto de montagem de um empresa
para construir sondas de petróleo no Brasil, em lugar de importá-las do
exterior. O que teria de mais? Lula chamou o mundo inteiro para investir
na indústria naval brasileira, em lugar de importarmos navios e
equipamentos.
Até na Ucrânia foi pedir parcerias,
em 2009: “nós vamos precisar ter uma forte indústria naval e uma forte
indústria petrolífera, com a construção de muitas plataformas, muitas
sondas, muitos navios petroleiros, muitos navios de apoio. E aí, também,
nós poderemos construir uma parceria entre empresas da Ucrânia e
empresas brasileiras.”
Não seria mais que sua obrigação, como Presidente da República,
atrair investimentos para um país que produz petróleo produzir as sondas
que extraem petróleo.
Ah, mas o grupo seria a OSX, do empresário Eike Batista. De novo, e
daí? Naquela época, Eike era saudado como o detentor de maiores capitais
para investimento no Brasil.
Procure aí acima, na capa da Veja de junho de 2008, algum traço que não seja o de elogio à capacidade financeira de Eike.
Será que, transformado nessa potência e querendo investir dinheiro
numa indústria nacional, Eike Batista precisaria recorrer aos “bons
serviços” de um ratinho miúdo para achar um “amigo” do Presidente que se
dispusesse a falar com ele que queria investir? E investir numa empresa
privada, porque a Sete Brasil só tem 10% de capital da Petrobras!
Portanto, ao que parece, a história é que Baiano teria tomado um
dinheiro de Eike e comprado os serviços de Bumlai por algo que não tinha
razão alguma para não ser grátis.
Ah, mas a participação da OSX seria de maneira escusa, desvantajosa,
irregular ou, simplesmente, mau negócio. Sim, mas se o negócio não saiu,
talvez por isso, qual é a irregularidade?
Então, vem outro momento incrível: Baiano pagou a Bumlai pelo que Bumlai não entregou.
– Olha, Baiano, eu sei que a parada não rolou, mas você vai me
pagar pelo menos R$ 2 milhões porque tô precisando ajudar uma nora do
Lula, que está com uma dívida num imóvel”
– Ah, tá bem, vamos fazer uns contratos de fachada e eu te dou essa grana.
Bem, Bumlai poderia ter tomado o dinheiro de Baiano com esta ou
qualquer outra justificativa. Mas será que passa pela cabeça de alguém
que se dê um dinheiro destes para “fazer um agrado” à família do
Presidente da República sem saber sequer o nome da “nora”, nem de qual
das quatro noras se trata?
O fato de, alegadamente, Lula ser amigo de Bumlai bastaria? E ainda
que Bumlai, eventualmente, tenha dado uma “mordida” no Baiano, qual é a
relação de Lula com isso?
Francamente, o que se tem é o fato calculado de que a imprensa, antes
de escancarar a “denúncia bombástica” nas manchetes, não vai averiguar
nem se a história tem lógica, que dirá provas.
Totalmente diferente do que ocorre com Eduardo Cunha, sobre quem há
contas, depósitos e, agora, segundo disse Baiano, Baiano “um celular
para falar sobre ilícitos com Cunha e que o deputado chegou a enviar um
e-mail citando o pagamento”. Bom, se há um celular, este tem número e se
tem número basta mandar pedir a relação das ligações feitas. E o
e-mail, supõe-se, deve ter sido apresentado na delação.
Fica claro que a nota de Lauro Jardim,
que agitou a semana desde domingo estava, no mínimo, invertida. Sobre
Lula, não há nada, exceto alegações. Contra Cunha, sobre quem Jardim
disse que nada havia de “bombástico” há, além da alegação da entrega de
dinheiro, o nome de quem recebeu – Altair – o telefone da propina e o
e-mail do pagamento.
A denúncia de Alberto Yousseff de que Aécio Neves tinha uma participação em dinheiro de corrupção em Furnas – “eu
confirmo (que Aécio recebeu dinheiro de corrupção) por conta do que eu
escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador
dele” – não recebeu 1% do destaque do que “escutava Baiano” sobre
“uma nora do Lula”. E olha que o pai de Aécio, Aécio Cunha, era
dirigente de Furnas e a tal “nora” nem nome tem.
Infelizmente, o jornalismo partidarizado que se tem no Brasil, onde a
“pauta” obsessiva é “destruam Lula”, sobre quem há quase 40 anos
procuram falcatruas – como, antes, fizeram a Brizola – faz acusações
independerem de fatos e, até, de lógica.
Só o que se espera – cada vez com mais apreensão – que a “justiça de espetáculo” não aja da mesma forma.
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