Da FolhaPress
O ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Marco Aurélio Mello criticou o financiamento privado de
campanha, aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada. “O
financiamento privado vai sair caro para a sociedade”, disse no programa
Espaço Público, da TV Brasil.
Não tem altruísmo, as empresas não doam
tendo em conta a ideologia dos partidos. Depois buscam o troco e esse
troco que é muito caro à sociedade”, disse Marco Aurélio. As informações
são da Agência Brasil.
O financiamento privado foi votado na
semana passada na Câmara dos Deputados. Com 330 a favor, 141 contra e 1
abstenção, os deputados aprovaram o financiamento privado com doações de
pessoas físicas e jurídicas a partidos e de pessoas físicas para
candidatos. “Para que os partidos teriam esses recursos senão para
repassar aos candidatos?”, destacou o ministro.
A questão também tramita no STF. No ano
passado, a maioria dos ministros votou a favor da proibição de doações
de empresas privadas para campanhas políticas. O julgamento foi suspenso
por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. “Aquele que pede
[vista] é para refletir e deve devolver o projeto em tempo hábil”, disse
Marco Aurélio.
Durante o programa, o ministro
questionou ainda a postura do juiz federal Sérgio Moro, na Operação Lava
Jato, que apura denúncias de desvio de dinheiro da Petrobras. Para o
ministro a delação premiada deveria ser exceção no direito.
“Não posso desconhecer que se logrou um
número substancial de delações premiadas e se logrou pela inversão de
valores, prendendo para, fragilizado o preso, alcançasse a delação.
[Isso] não implica avanço, mas retrocesso cultural. Imagina-se que de
início [a delação premiada] seja espontânea e surja no campo do direito
como exceção e não regra. Alguma coisa está errada neste contexto”.
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