Em discurso na tribuna do Senado, o ex-presidente Fernando Collor de
Mello (PTB-AL) acusou nesta segunda (23) o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, de não ter “estatura moral” para comandar o
Ministério Público Federal. Incluído por Janot na lista de políticos
investigados pelo esquema de corrupção na Petrobras, Collor disse que o
procurador faz “chantagem” e descumpre leis ao exercer sua função de
chefe do Ministério Público.
“O senhor Janot continua chantageando e sendo chantageado, continua
promovendo mais e mais privilégios para a sua categoria, continua
desviando condutas, descumprindo leis, normas, súmulas e ritos. Esse
grupelho, essa parte disfuncional da Procuradoria-Geral da República é
que, por excelência, desnatura o seu trabalho e desqualifica seus
membros”, afirmou Collor.
É a segunda vez que o senador sobe à tribuna para criticar Janot
desde a divulgação da lista de políticos suspeitos de participação no
esquema de corrupção na Petrobras. O senador é conhecido por fazer
discursos contrários à Procuradoria Geral da República, mas intensificou
as críticas após a divulgação da chamada “lista Janot”.
O doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema de corrupção,
disse em depoimento que o ex-presidente da República recebeu cerca de R$
3 milhões em propina em negócio da BR Distribuidora. O fato não foi
citado por Collor em seus discursos, que faz ataques ao Ministério
Público sem se defender das acusações.
Collor disse, na tribuna, que recebeu denúncias de que Janot tem um
“comportamento cambaleado” na Operação Lava Jato, sem permitir aos
citados na lista que se defendam das acusações. “Se as diligências da
Polícia Federal mal começaram, como pode ele já ter prontas em suas mãos
todas as denúncias? Baseadas em que provas foram feitas as mesmas?”,
questionou.
O senador disse que a estratégia de Janot é “jogar a população contra
os supostos envolvidos”, sem permitir que prestem esclarecimentos ou
sejam julgados. “Sinceramente, não é esse o papel institucional de um
órgão vital para o Estado democrático de direito. Não é essa a
responsabilidade e, menos ainda, o exemplo que o chefe maior do
Ministério Público deve demonstrar.”
Collor disse que Janot se considera um “arremedo de presidente da
República” e subprocuradores do Ministério Público agem como “ministros
de Estado”.
O senador diz existir um processo de “empoderamento” da Procuradoria
Geral da República que representa um “risco” para a população
brasileira.
O ex-presidente também criticou o fato de Janot ter aparecido
publicamente segurando um cartaz com os dizeres: “Janot, você é a
esperança do Brasil”.
“A mais fiel caricatura desse eixo político individualista do
Ministério Público foi a atitude do procurador-geral da República, ao
compartilhar a foto daquele momento deprimente em que ele fez questão de
empunhar um cartaz aludindo-o como o salvador da pátria. Resta saber a
que pátria se refere.”
Na Folhapress
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