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segunda-feira, 23 de março de 2015

Collor diz que Janot não tem ‘estatura moral’ para comandar procuradoria

Em discurso na tribuna do Senado, o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) acusou nesta segunda (23) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de não ter “estatura moral” para comandar o Ministério Público Federal. Incluído por Janot na lista de políticos investigados pelo esquema de corrupção na Petrobras, Collor disse que o procurador faz “chantagem” e descumpre leis ao exercer sua função de chefe do Ministério Público.
“O senhor Janot continua chantageando e sendo chantageado, continua promovendo mais e mais privilégios para a sua categoria, continua desviando condutas, descumprindo leis, normas, súmulas e ritos. Esse grupelho, essa parte disfuncional da Procuradoria-Geral da República é que, por excelência, desnatura o seu trabalho e desqualifica seus membros”, afirmou Collor.
É a segunda vez que o senador sobe à tribuna para criticar Janot desde a divulgação da lista de políticos suspeitos de participação no esquema de corrupção na Petrobras. O senador é conhecido por fazer discursos contrários à Procuradoria Geral da República, mas intensificou as críticas após a divulgação da chamada “lista Janot”.
O doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema de corrupção, disse em depoimento que o ex-presidente da República recebeu cerca de R$ 3 milhões em propina em negócio da BR Distribuidora. O fato não foi citado por Collor em seus discursos, que faz ataques ao Ministério Público sem se defender das acusações.
Collor disse, na tribuna, que recebeu denúncias de que Janot tem um “comportamento cambaleado” na Operação Lava Jato, sem permitir aos citados na lista que se defendam das acusações. “Se as diligências da Polícia Federal mal começaram, como pode ele já ter prontas em suas mãos todas as denúncias? Baseadas em que provas foram feitas as mesmas?”, questionou.
O senador disse que a estratégia de Janot é “jogar a população contra os supostos envolvidos”, sem permitir que prestem esclarecimentos ou sejam julgados. “Sinceramente, não é esse o papel institucional de um órgão vital para o Estado democrático de direito. Não é essa a responsabilidade e, menos ainda, o exemplo que o chefe maior do Ministério Público deve demonstrar.”
Collor disse que Janot se considera um “arremedo de presidente da República” e subprocuradores do Ministério Público agem como “ministros de Estado”.
O senador diz existir um processo de “empoderamento” da Procuradoria Geral da República que representa um “risco” para a população brasileira.
O ex-presidente também criticou o fato de Janot ter aparecido publicamente segurando um cartaz com os dizeres: “Janot, você é a esperança do Brasil”.
“A mais fiel caricatura desse eixo político individualista do Ministério Público foi a atitude do procurador-geral da República, ao compartilhar a foto daquele momento deprimente em que ele fez questão de empunhar um cartaz aludindo-o como o salvador da pátria. Resta saber a que pátria se refere.”

Na Folhapress

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