247 - Os defensores do argumento
de que a magistratura pode ser utilizada como escada para a carreira
política estão desapontados com o exemplo de Eliana Calmon até o
momento. Passado o primeiro mês oficial de campanha eleitoral, a
candidata ao Senado pelo PSB, do presidenciável Eduardo Campos, patina
em 5% de intenções de voto.
Sem traquejo com a política e praticamente sem aliados, Eliana
tenta ganhar eleitores mostrando seu currículo de combatente da
corrupção e mostrando aliados populares na TV. Seu principal cabo
eleitoral é a candidata a vice-presidente Marina Silva. Ela aposta
também no ex-colega de toga, Joaquim Barbosa, para aumentar suas
intenções de voto. Eliana espera Barbosa voltar do exterior para, se
possível, ganhar uma mensagem de apoio na TV. "Não é do estilo dele, mas
quem sabe?", diz, esperançosa.
Calmon deixou antes do prazo limite o cargo de ministra do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) para disputar uma vaga de senadora. Ainda de
toga, Eliana Calmon criou um frisson no meio jurídico quando exerceu o
cargo de corregedora-geral de Justiça do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ).
É dela a polêmica frase de que no Judiciário há "bandidos de toga". A
declaração foi divulgada em 2011, pouco antes de o Supremo Tribunal
Federal (STF) decidir até onde o CNJ poderia ir na investigação de
magistrados. O então presidente do CNJ e do STF, Cezar Peluso,
classificou as declarações da corregedora de "levianas".
Desconhecida do eleitorado baiano, Eliana Calmon disputa a vaga do
Senado com dois políticos profissionais, o ex-ministro Geddel Vieira
Lima (PMDB) e o vice-governador Otto Alencar (PSD). Focada em eleitores
da classe média e profissionais liberais, a peessebista tenta emplacar a
imagem de "justiceira" e trocou carreatas e o corpo a corpo com
eleitores por palestras. Ela pede aos eleitores que busquem seu
currículo no Google.
A falta de convivência com os melindres da política já causou alguns
constrangimentos para Eliana Calmon. Em declaração recente, disse que o
senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), ao lado do PT, não passava
de "trombadinha da República". A declaração causou mal-estar com a
família de ACM, que apadrinhou a indicação de Calmon ao Superior
Tribunal de Justiça. Hoje, ela diz que a expressão foi infeliz:
"Respeito o senador".
Sem falar a língua do eleitor baiano, sem apoio de aliados e sem
estrutura financeira para sustenta uma postulação ao Senado, Eliana
Calmon vai decepcionando os potenciais magistrados que acalentam o
desejo de ingressar na política.
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