Agência Brasil
Brasília
- O governo do Maranhão informou que já foram identificados os
mandantes dos quatro atos de vandalismo envolvendo incêndio a ônibus, na
noite de ontem (3), na capital São Luís. Na avaliação das autoridades,
os ataques foram uma reação às medidas adotadas para combater a
criminalidade nas unidades prisionais da capital, que receberam o reforço da Polícia Militar no fim de dezembro.
De acordo com nota divulgada no site do governo maranhense,
um dos atos ocorreu no bairro João Paulo, onde cerca de cinco homens
interceptaram o veículo, mandaram os passageiros descer e atearam fogo.
As ações ocorreram também na Vila Sarney e em Ilhinha, além de uma
tentativa no Jardim América.
Além disso, o 9º Distrito Policial, em São Francisco, foi alvo de
disparos. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, a polícia
trabalha para prender os envolvidos nos episódios. No comunicado, o
governo reafirma que "não compactua com atos de violência e que continua
agindo em conjunto com todos os setores e órgãos que atuam na defesa
dos direitos humanos e daqueles que promovem a garantia da justiça e da
segurança".
A
secretaria informa que a Polícia Militar está adotando providências
complementares nas unidades prisionais de São Luís, entre elas "a
ampliação da vigilância com videomonitoramento, a intensificação das
revistas nas celas e o aumento da fiscalização interna com o Batalhão de
Choque e da fiscalização externa com rondas".
O sistema prisional do Maranhão é alvo de uma crise que veio à tona em outubro, após rebelião no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o maior do estado. No local, somente este ano, duas mortes foram registradas.
Os mortos foram Josivaldo Pinheiro Lindoso, de 35 anos, encontrado
em uma cela de triagem com sinais de estrangulamento; e Sildener
Pinheiro Martins, de 19 anos, vítima de golpes de chuço, um objeto
artesanal com ponta de ferro aguda, durante briga de integrantes de uma
facção criminosa. No ano passado, 60 pessoas morreram no interior do
presídio, sendo três decapitadas, segundo relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O documento aponta uma série de irregularidades e violações de
direitos humanos no local, como superlotação de celas, forte atuação de
facções criminosas cuja marca é a "extrema violência" e abuso sexual
praticado contra companheiras dos presos sem posto de comando nos
pavilhões. Atualmente, há 2.196 detentos no complexo penitenciário, que
tem capacidade para 1.770 pessoas.
Diante dos episódios, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou, em dezembro, à governadora Roseana Sarney, informações
sobre o sistema carcerário do estado para subsidiar um eventual pedido
de intervenção federal. Na mesma época, também em razão das mortes
provocadas este ano por brigas entre facções rivais no Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), pediu
ao governo brasileiro a redução imediata da superlotação das penitenciárias maranhenses e a investigação dos homicídios ocorridos.
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