"Acalmem-se", disse a presidente Dilma Rousseff,
num sorriso; faz sentido; aos que apostam no eclipse do crescimento,
resposta da economia real é ensolarada; vendas de aço, alumínio,
eletro-eletrônicos, ônibus e tratores disparam neste início do ano;
arrecadação de impostos sobe; dívida mobiliária federal recua; projeção
aponta para inflação em queda e crescimento em alta; apostas no
pessimismo começam a pagar menos
247 – Apostar no pessimismo, dentro de um cenário global de
incertezas, sempre parece menos arriscado. Vai dar errado, dizem os
céticos e derrubadores, cercados de conjecturas. O problema, como
apontam os primeiros números da economia brasileira em 2013, é que,
neste ano, jogar contra já está dando pinta de ser muito mais um torcida
política do que uma análise fria e científica. Em lugar de eclipse, o
que está surgindo no horizonte é um sol tipicamento tropical.
Nos últimos dias, uma série de dados econômicos confluem para um
desempenho, em 2013, muito superior ao verificado no ano passado.
Líderes empresariais de diferentes setores do meio da economia – aqueles
que usam insumos da indústria de transformadora de matérias primas para
aplicar em produtos finais ao consumidor – estão otimistas sobre mais
produção e mais vendas este ano, com base nos primeiros resultados já
alcançados.
É assim que os setores que compram aço, como as montadoras de
veiculos e a construção civil, fizeram aquisições em janeiro nada menos
que 18% acima do comprado em dezembro, segundo dados do Instituto
Nacional das Distribuidoras de Aço (Inda). "O mercado está começando a
crescer novamente", disse o presidente Carlos Loureira ao jornal Valor
Econômico. Com alta de 3,4% em vendas em janeiro em relação ao mesmo
período do ano passado, o setor projeta um crescimento de 6% no mercado
doméstico sobre o ano passado até dezembro.
No alumínio, outro elemento presente em ínumeros setores industriais,
o melhor termômetro de crescimento é a venda de chapas, folhas e
extrudados. Neste campo, as vendas em janeiro, de acordo com a
Associação Brasileira de Alumínio (Abal), já foram 5,9% maiores do que
no primeiro mês de ano passado. "Acreditamos num crescimento do setor de
até 5 por centro para este ano", diz o presidente da entidade, Luiz
Carlos Loureiro Filho. "Estamos otimistas".
Não é diferente entre uma das maiores fabricantes de ônibus e
caminhões do País, a MAN Latin America. "Já temos pedidos que indicam
vendas 20% maiores do que em 2012, em razão de a necessidade do mercado
renovar a sua frota", adianta Roberto Cortes, presidente da companhia.
"Nossa atividade no primeiro bimestre está ótima em relação à que
tivemos em 2012".
No mesmo setor, a Agrale, tradicional fabricante de máquinas e
tratores, registrou um crescimento de vendas simplesmente espetacular em
janeiro com relação a dezembro: 126% mais. Os responsáveis pela
companhia admitem que tratou-se de um ponto fora da curva, mas, a partir
dele, eles projetam um crescimento da companhia, este ano, de mais de
16% sobre o realizado no ano passado. "O forte desempenho está ligado ao
fim dos estoques das indústrias do nosso setor", disse o
diretor-presidente Hugo Zattera ao Valor.
Pesquisa entre associados feita pela Abinee (Associação Brasileira
da Indústria de Eletro-eletrônicos) constatou que 56% das empresas
associadas relataram alta de encomendas em janeiro com relação a
dezembro. Isso mostra um aquecimento no setor de ponta tecnológica da
economia. "O otimismo aumentou, porque os sinais dados em janeiro, um
mês que nunca é excepcionalmente forte em vendas, indicam um grande ano
pela frente", conta o presidente Humberto Barbato. Segundo ele, 79% dos
associados da Abinee registraram em pesquisa que esperam melhores vendas
em 2013 do que em 2012.
Mesmo onde janeiro apontou queda em relação a dezembro, de 3%, no
setor de máquinas e equipamentos, o dado foi comemorado. "Esse recuo é
sazonal, e sempre acontece nessa época, mas foi muito menor do que em
anos anteriores", relatou Marcos Bernardini, consultor econômico da
Abimaq.
Nos grandes números macroeconômicos, o governo também já tem o que
comemorar. O Boletim Focus, do Banco Cenral, que semanalmente capta os
humores de agentes do mercado financeiro sobre dados como inflação e
crescimento do PIB indica nesta segunda-feira 25 que a inflação esperada
é menor do que na semana anterior – e o crescimento, maior, da ordem de
3% para o ano. Noutro dado, o estoque da dívida mobiliaria do Tesouro
(tudo o que o governo deve ao mercado) declinou 4%, equanto a
arrecadação de impostos bateu novo recorde.
A continuar nessa marcha, o melhor, para os pessimistas, vai ser
iniciar logo um ajuste de discurso, sob pena de ficarem falando sozinhos
– os empresários, afinal, de olho no chão de suas fábricas e em seus
caixas, sabem que o certo é acreditar em resultados do que se guiar por
palavras pré-fabricadas.
Para a presidente Dilma Rousseff, com a reeleição lançada e ainda sem
um forte adversário definido, o sol do primeiro semestre traz consigo
uma brisa capaz de impulsioná-la com menos atropelos do que muitos
gostariam por 2013 em direção a 2014.
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