Do Blog de Magno Martins
O blog do Valdo Cruz conversou com três aliados do presidente e um assessor de primeiro escalão. Todos eles tinham a informação de que o presidente brasileiro faria um discurso moderado, fazendo acenos aos líderes mundiais, na busca de melhorar a imagem do Brasil no exterior. E foram surpreendidos com um discurso em tom mais “radical”, ao estilo Bolsonaro de sempre, falando para seus apoiadores e usando dados falsos para defender sua administração.
Segundo um dos aliados, Bolsonaro usou o púlpito da ONU para tentar defender seu governo, reclamando que a mídia não mostra os avanços da sua administração, mas recheou sua fala com declarações que não batem com a realidade.
“O presidente falou para seus apoiadores, um discurso que deixa o cercadinho animado e mobilizado, mas que não é bem visto pelo resto da população brasileira e por boa parte do mundo”, disse reservadamente ao blog um aliado de Bolsonaro.
Na avaliação de outro aliado, o presidente insistiu na defesa do tratamento precoce num momento em que vem a público a informação de que o plano de saúde Prevent Senior fez um estudo, sem avisar pacientes e familiares, com hidroxicloroquina e azitromicina, levando a óbitos idosos. Segundo esse aliado, Bolsonaro não precisava se expor dessa maneira mundialmente, mas o fez para agradar seu público fiel.
O presidente não fez nenhum aceno na área ambiental, reclamam seus aliados, num momento em que o Brasil sofre a ameaça de retaliações de países e investidores por causa de uma política considerada ineficaz nesse setor. Pelo contrário, Bolsonaro falou numa redução de 32% do desmatamento em agosto, quando dados do Imazon indicam que foi o maior nos últimos dez anos.
Um auxiliar presidencial disse que Bolsonaro perdeu uma oportunidade para tentar melhorar a imagem do Brasil no exterior e acabou contribuindo para piorá-la ainda mais. O assessor destacou que, no discurso, o presidente disse que a credibilidade do país lá fora foi recuperada, quando ele acabou ajudando com seu discurso a piorar o que já está ruim.
Por fim, a avaliação entre aliados é que a passagem do presidente Bolsonaro por Nova York foi um vexame. Antes e durante seu discurso na ONU.
Antes, ao comer pizza na rua e fazer uma churrascaria improvisar um puxadinho para ele comer (já que Bolsonaro diz não estar vacinado e a lei na cidade impede que se coma em estabelecimentos fechados sem ter tomado as doses). Bolsonaro também riu na frente do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ao dizer que até hoje não tomou nenhuma vacina.
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