FERNANDO BRITO ·no Tijolaço
Jair Bolsonaro, que andava mudo, voltou ao Twitter para apelar, dizendo que “a esquerda busca meios de descriminalizar a pedofilia, transformando-a em uma mera doença ou opção sexual”.
Onde, como, quando, claro, não vêm ao caso. Basta a fantasia, como a do “kit gay” ou a “mamadeira de piroca”. Basta criar a lenda.
Nem é o caso de discutir dupla ideia de pedofilia, a da doença mental e a dos atos concretos de natureza sexual praticados com ou na presença de crianças e adolescentes ou do uso de suas imagens. Que, aliás, nem precisam de um pedófilo para serem feitos.
Muito menos o que Jair Bolsonaro já propôs sobre a questão como solução para o problema: a castração química, algo que não passa pelo primeiro juiz da esquina.
Se intenção fosse sério, o interesse se voltaria para os programas de proteção, porque não é nem o tamanho da pena que inibe a prevenção e a punição da maioria dos abusadores, mas o silêncio.
Sim, porque a violência sexual se dá majoritariamente dentro de casa (perto de 70% entre as vítimas crianças e de 60% entre adolescentes) e envolvendo pessoas do círculo familiar (cerca de 40% dos casos).
A questão, porém, é usar o moralismo mais rastaquera, não o de mitigar os problemas. É apenas colocar a esquerda (e vai para a “esquerda comunista e gayzista” qualquer um que divirja do presidente) como drogada, devassa, pedófila, portadora de todos os vícios morais que as diferem dos “homens de bem” cujo único desvio mental é o de desejar portar uma pistola Glock na cinta.
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