FERNANDO BRITO · no Tijolaço
Depois de interromper, ainda na gestão Luiz Mandetta, o governo volta a dar explicações sobre os números da epidemia do novo coronavírus.
Através, claro, do renomado epidemiologista Osmar Terra Plana e do virologista Luciano Hang, aquele empresário que Olavo de Carvalho, depois de mandá-lo preencher certos espaços, chamou de “Zé Carioca”.
Hang, segundo o Valor, é, inclusive, o mentor da”nova forma de contabilizar as mortes”, à qual chamei aqui de Programa Pró-Lazaro, uma revolucionária metodologia capaz de ressuscitar os mortos das estatísticas anteriores.
Os dois farão, às 19 horas, uma “live” que, certamente, vai revolucionar os conhecimentos da comunidade médica de todo o mundo.
O argumento central do Dr. Terra Plana, que ele já adiantou nas redes sociais, é o de que, como muitas das mortes divulgadas no dia X referem-se a pessoas que morreram em datas anteriores mas só agora tiveram o resultado dos testes conhecidos, o pico da epidemia já teria passado e, portanto, é hora de escancarar o comércio e fazer festas nas ruas.
Pequeno detalhe “esquecido” pela folclórica dupla: as pessoas que morrem no dia X e não têm resultado de testes confirmados – a maioria, dada a carência de testes – não entram na conta neste dia. E, portanto, são “mortes futuras”.
É claro que as estatísticas – ao contrário das projeções – mostram o que já aconteceu e, é óbvio, morte só pode ser contada depois que acontece.
Mas se alguém quer ter uma ideia mais precisa do que está por acontecer, basta usar os casos novos registrados a cada dia. Com uma taxa de mortalidade de 5,6%, os mais de 30 mil brasileiros que entram a cada dia na estatística de contaminados representarão, nos dias seguintes, quase 1.700 mortos.
Por isso, o número de novos casos é um indicador do que virá, não do que já foi, como são os óbitos.
Mas, claro, isso é invenção da “mídia comunista”.
Desculpe os leitores por ter a pachorra de explicar como os dois mistificadores farão uma mistificação para o “gado” bolsonarista.
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