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quarta-feira, 27 de maio de 2020

Bolsonaro gasta com publicidade em sites de fake news e até jogo do bicho, diz PT

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A farra publicitária da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo Jair Bolsonaro, contempla gastos com sites de fake news e até um ligado à atividade ilegal de jogo do bicho.

Para esclarecer esses gastos e por fim às possíveis ilegalidades, o líder do PT na Câmara, Enio Verri (PR), encaminhou um pedido de informações para o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, general Luiz Eduardo Ramos.

O documento foi protocolado na segunda-feira (25); o governo tem 30 dias para responder ao requerimento.

O líder do PT requer informações sobre todos os contratos e destinação de verbas de publicidade institucional e de utilidade pública do Governo Federal ao longo de 2019 até o dia 30 de abril último.

A Secom, acionada pelo jornal Folha de S. Paulo, recusou-se a revelar gastos detalhados, conforme observa o líder do PT.

Ele lembra que o jornal publicou no dia 9 de maio matéria sob o título “Publicidade de Bolsonaro na Previdência irrigou sites de jogos de azar e fake news”, conforme planilhas da própria Secom.

Foram destinadas verbas de publicidade do Governo Federal a sites de fake news, sites de jogo do bicho, sites infantis em russo e, ainda, a canal de apoio ao Presidente Jair Bolsonaro no YouTube, que veicularam propaganda da Reforma da Previdência no ano de 2019.

As informações referem-se apenas aos períodos de 6 de junho a 13 de julho de 2019 e de 11 a 21 de agosto de 2019.

No entanto, desde 11 de novembro de 2019, a Secom recusou-se por duas vezes a fornecer planilhas solicitadas por meio do Serviço de Informação o Cidadão.

Conforme o líder do PT, após recursos contra as duas negativas da Secom, a CGU determinou, em fevereiro deste ano, que a Secretaria disponibilizasse o relatório no prazo de 60 dias contados da notificação da decisão. A Secom finalmente encaminhou as informações incompletas em 17 de abril passado, mais de cinco meses após o pedido inicial.

“Segundo as planilhas da Secom, sites de fake news receberam verba de anúncios do Governo Federal. Um dos campeões, com 66.431 anúncios, foi o Sempre Questione, que divulga desde desinformação na forma de teorias da conspiração sobre a pandemia de coronavírus, até alegados ‘flagrantes de Ovnis’”, observa Enio Verri.

As planilhas não especificam o total gasto pela Secom com os anúncios. Em maio de 2019, a Secretaria anunciou que gastaria R$ 37 milhões em inserções publicitárias sobre a reforma da Previdência, em televisão, internet, jornais, rádio, mídias sociais e painéis em aeroportos.

O montante pago pela Secom é dividido entre o Google e o site ou canal do YouTube. As porcentagens do Google variam, de 40% a 20% ou menos, dependendo da negociação entre os sites e a plataforma.

As peças do governo Bolsonaro também foram veiculadas em outros sites que disseminam desinformação, como o Diário do Brasil (36.551 anúncios). O canal Terça Livre TV, do YouTuber de extrema direita Allan dos Santos, recebeu por 1.447 anúncios.

Verri lembrou que essa informação oficial colide frontalmente com o depoimento do bolsonarista Allan Santos à CPMI das Fake News, em novembro de 2019, quando afirmou não receber “nenhum centavo do governo”.

“Chama a atenção nas planilhas, igualmente, informação sobre site o resultadosdobichotemporeal.com.br, que divulga resultados do jogo do bicho, atividade notoriamente ilegal no Brasil”, comenta o líder no requerimento.

“As planilhas da Secom registram, ainda, gastos de verba publicitária com sites e canais que promovem o Presidente Jair Bolsonaro. Foram 5.067 anúncios no Bolsonaro TV, descrito como “canal dedicado em apoiar o Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro”.

Aplicativos para celular como Brazilian Trump, Top Bolsonaro Wallpapers e Presidente Jair Bolsonaro também veicularam a campanha. Ainda segundo a planilha, foram veiculados anúncios em sites de políticos eleitos, como o do Senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

A Secom contrata agências de publicidade, que compram espaços por meio do serviço GoogleAdSense para veicular campanhas em sites, canais do YouTube e aplicativos para celular. O serviço permite exibir anúncios em texto, imagem e vídeo, gerando lucro de acordo com a quantidade de cliques ou de visualizações.

Alguns desses canais, como o do blogueiro Allan dos Santos, foram alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal no inquérito das ‘fake news’ do Supremo Tribunal Federal. Ou seja, há indícios que o funcionamento dos canais de notícias falsas bolsonaristas seja financiado pelo próprio governo.

As informações são do PT e da Folha de São Paulo.

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