O Globo - João Sorima Neto
O vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) se dedica a estudar os efeitos da renda básica desde os anos 90. Ele avalia que o programa de ajuda de R$ 600 por três meses, do governo federal, é o primeiro passo na direção de um programa que poderia se transformar em uma renda mínima.
O que o senhor achou do auxílio de R$ 600 do governo?
O programa leva em conta muitos aspectos da minha proposta de renda mínima, como maneira de erradicar a pobreza e de prover a cada cidadão proteção econômica e social. É um programa emergencial, mas vai na direção certa, porque vai impactar milhões de pessoas. Terá como efeito aumentar a demanda por bens e serviços e estimular a economia.
O tema da renda mínima é mais latente em países emergentes ou é uma discussão global?
É uma discussão que existe no mundo todo. E, agora, com as medidas de socorro anunciadas por vários governos para combater os impactos negativos econômicos da pandemia, será possível observar os efeitos positivos da renda mínima. Inclusive o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Quais são os principais benefícios?
No Quênia, as famílias que começaram a receber US$ 22 mensais compraram instrumentos para plantar. Também puderam adquirir mais terra para criar bois ou galinhas. Passaram a trabalhar mais. As mulheres ganharam mais autonomia, e a violência contra elas foi reduzida. Em resumo: melhorou a qualidade de vida das famílias.
E num país rico? Quais foram os efeitos?
No Alaska, nos EUA, a experiência de oferecer renda mínima é uma das mais bem-sucedidas. Começou em 1980, quando a ideia ganhou força e foi criado um fundo de US$ 1 bilhão com os impostos do petróleo a serem distribuído a seus moradores. Hoje o fundo tem US$ 66 bilhões, e o Alaska se tornou um dos estados mais igualitários.
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