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quarta-feira, 15 de abril de 2020

Festival de besteiras


Por Carlos Brickmann

Hoje, por aqui, há notícias de impacto e notícias chatas. As notícias chatas são chatas. As notícias de impacto não são notícias. Mas a festa continua.
O governador do Pará, Hélder Barbalho, do MDB, disse que vai botar os presos na rua para vigiar os cidadãos em pontos de ônibus e evitar que fiquem a menos de um metro uns dos outros. Verdade: os presos viraram guardas.
Na Passeata da Morte (aquela em que carregaram um caixão para fazer piada com as vítimas do coronavírus), palavras de ordem para não ver Globo nem Bandeirantes, compradas pelos chineses. Há quem acredite.
Um criador de gado aguenta amigos que tentam convencê-lo a não vender bois para frigoríficos que exportem carne para a China. Pelo que dizem, os chineses são todos comunistas. Parece que só agora estão descobrindo isso.
Boato da moda: a tecnologia 5G permite transmitir, pelo celular, a palavra do demônio. Mas não é sempre: se a Qualcomm, americana, vencer a corrida internacional para implantar o 5G, tudo bem. Mas se for a Huawei chinesa... Se bem que, há alguns anos, diziam que, se um LP da banda Yes fosse tocado ao contrário, seria possível ouvir as palavras Six Six Six – ou 666, o Número da Besta. A Banda Yes é inglesa, e lá os comunistas nunca tiveram votos.
E aqui disseram na TV que a China tem um trilhão de habitantes, embora seja menor que o Brasil. A China tem um milhão de km² a mais que o Brasil. E terá um trilhão de habitantes se multiplicar a população real por 715 mil.

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