Acabo de assistir – e participar dela, sem nenhum prazer – uma cena inacreditável.
Uma bolsonarista, com um alto-falante, dizendo que as pessoas deveria ir para o trabalho para não morrerem de fome.
Que haverá caos social se as medidas de Estados e Prefeituras forem obedecida e o comércio ficar fechado.
Era aqui, na rua que dá acesso a uma comunidade de gente simples, o Morro Azul, no Flamengo.
Cardíaco ou não, fui à janela gritar que ela enviasse à rua a sua mãe e o seu pai, para que morressem mais depressa ou se ela, como boa filha, ia levar-lhes o vírus “de presente”.
Pulmões ainda plenos, com ar para vencer o sonzinho mixuruca de lata.
Uma a uma foram surgindo as vozes das janelas.
“Assassina, assassina!”
Foram tantas que ela se calou e foi embora, com seu alto-falante da morte.
Essa gente, em nome da vida, tem de ser posta a correr.
Eles não estão só negando a ciência, a medicina, a lógica e o bom senso. Estão negando a vida humana.
Não deixe que eles matem pessoas.
Se o que lhe resta é a janela, use a janela.
Causar a morte de centenas ou milhares de seres humanos não é liberdade de expressão ou democracia: é genocídio.
Estamos na mão de gente cruel, homicida, fria.
Temos os meios, mas a “emergência” está presa nos burocratas e os planos são de garfar os salários dos que têm trabalho, em lugar de impedir sua demissão, o que de resto vai acontecer inapelavelmente.
E o dinheiro? Água no feijão (emissão), porque tem de estar no prato de todos. Depois, taxem-se os que têm muito, muitíssimo.
Vá à janela, meu irmão e minha irmã, lute pela vida!
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