FERNANDO BRITO no Tijolaço ·
A cloroquina, ao contrário da jabuticaba, não existe só no Brasil.
O mundo inteiro conhece e usa em outras doenças e com muito cuidado, porque seus efeitos colaterais são sérios e perigosos.
E por que, num universo de 210 países atingidos pelo novo coronavírus as pessoas seguem morrendo como moscas (101, 5 mil, neste momento)?
Certamente, entre os quase 1,7 milhão de infectados pelo coronavírus centenas de milhares deles foram medicados com cloroquina, simplesmente porque esta – ao lado de outras – é uma das possibilidades terapêuticas.
Desde que cuidadosa, acompanhado pelo médico e com o paciente em condições de observação e ação imediata no caso de problemas na sua administração.
Mas com grandes reservas, como as expressas no conceituadíssimo British Medical Journal, de Londres, onde se diz que o uso da cloriquina e de seu derivado, a hidroxicloriquina, “é prematuro e potencialmente prejudicial”.
Ao menos um caso, hoje, aparenta ter como causa da morte (por arritmia cardíaca severa) efeitos colaterais da medicação. Invalida o uso em casos extremos? Não. Recomenda cautela? Sim.
Nada justifica o presidente da República aparecer numa live com uma caixa do remédio – que não pode ser vendido sem receita retida – como um garoto-propaganda da droga.
Transformou o que deveria ser pesquisa médica em alavanca política, em fanatismo e, sobretudo, numa promessa de cura que explique a sua obsessão para levantar a quarentena que, até agora, tem provado ser a profilaxia, muito mais que a terapêutica, a ferramenta mais adequada a evitar que a tragédia se amplie.
Nos EUA, onde os estudos (e a contaminação) estão mais avançados, um estudo dos departamentos de Segurança Interna e Saúde e Serviços Humanos do governo central, estimam que levantas a quarentena depois de 30 dias fará com que as mortes no país cheguem a 200 mil.
O que estamos assistindo é uma palhaçada mortal, um homem que não tem o menor senso de equilíbrio para presidir uma Nação, muito mais numa hora de tamanha gravidade.
Por conta deles, as ruas estão se enchendo outra vez e e alega o direito de ir e vir como fundamento de sua insânia.
Sim, sr. Bolsonaro, o senhor tem o direito de ir onde quiser, mas cuidado com o lugar que o povo brasileiro quer mandá-lo.
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