Governadores do Nordeste formularam propostas para a Região que diferem, em essência, das pautas do futuro Governo Bolsonaro
Por: Marcelo Montanini na Folha de PE
Governadores se reuniram com presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE)Foto: André Oliveira
Com agenda econômica diferente da proposta pelo futuro governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), governadores eleitos do Nordeste se reuniram, ontem, em Brasília, para ajustar as prioridades para a Região e acenaram para o novo chefe do Executivo. A ausência de Bolsonaro no encontro foi vista com normalidade, uma vez que a ideia inicial era de que a reunião ocorresse sem ele, e os gestores não acreditam em retaliação. Todavia, não há data para reunião entre presidente e governadores nordestinos.
Em carta com seis itens, os gestores reivindicaram a retomada urgente de obras federais na Região, a celebração de um pacto nacional de segurança pública, a viabilização de recursos para reequilibrar o Pacto Federativo, o desbloqueio de operações de crédito, a discussão da prorrogação e ampliação da participação financeira da União no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e demonstraram preocupação com o fim do programa Mais Médicos.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), criticou a pauta econômica apresentada pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. “A agenda do Nordeste é uma agenda de crescimento e de investimento e não de parar o País. Porque os danos sociais são gigantescos e para que a economia volte a crescer é absolutamente insuficiente uma agenda voltada apenas a privatizações, amortizando a dívida pública. Essa é uma agenda insuficiente e equivocada e a nossa é diferente: é de investimento público para que possamos ter a retomada do crescimento no Nordeste e no Brasil”, declarou Flávio Dino, acrescentando: “uma agenda monotemática apenas de corte, de desinvestimento, de privatizações e de diminuição do Estado, nesse momento, não vai resultar no crescimento da economia”.
Nos últimos meses, Bolsonaro e Guedes vêm propondo privatizações e sugerido que é possível fazer mais com os atuais recursos investidos em educação. Estes dois pontos divergem das pautas defendidas pelos governadores nordestinos, que desejam mais investimentos da União. Quanto ao Mais Médicos, o governo de Cuba anunciou na última semana o fim da participação no programa e atribuiu a decisão à declarações de Bolsonaro. Outro ponto de preocupação entre os nordestinos. Entretanto, Guedes já acenou para a possibilidade de um novo Pacto Federativo.
Evitando atrito, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), disse que os gestores querem uma interlocução direta com Bolsonaro. “Nós queremos que a interlocução possa ser feita direto com opresidente da República. Nós vivemos em uma democracia, um regime federativo, então que haja toda uma interlocução institucional, respeitosa, e é o que o próprio presidente da República eleito tem colocado”, afirmou Santana.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), também contemporizou. “Nossa disposição é de trabalhar em parceria com o novo presidente Bolsonaro para vencer todos esses desafios em benefício da população nordestina. Nossas pautas são conhecidas, como a segurança pública, a retomada das obras federais e o desbloqueio das operaçãoes de crédito”, disse.
Aliados ao candidato derrotado Fernando Haddad (PT) e ausentes no encontro da semana passada, os governadores do Nordeste foram representado na ocasião pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
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