No vídeo que gravou, ontem, para seus apoiadores reunidos na Avenida Paulista, Jair Bolsonaro apresentou, em linguagem tão tosca quanto clara, o que serão as ações iniciais de seu governo, enquanto não for tragado pelos inevitáveis conflitos do aglomerado de escória moral, de autoritários doentios e de aventureiros do dinheiro que reuniu.
É o horror, nada além disso.
A ordem do dia pronunciada ontem, aos espasmos, sem nenhum chamamento à razão, sem nenhuma alegria que não a perspectiva de uma “vingança” (contra que “mal”, não o sabemos, pois foram os que menos sofreram neste país) teve como conteúdo, apenas, o chamado à força.
“Varrer”, “expulsar do país”, “trabalhar, vagabundos” são os comandos de um tempo em que devemos ter medo do vizinho, cuidar do que falamos e até do que vestimos.
Ontem, um grupo de hidrófobos gritava, diante da Catedral de Brasília iluminada de rosa, por conta da campanha contra o câncer de mama, que a igreja era comunista: “este merda vermelha não nos representa”, gritava uma desequilibrada, seguida por outro que dizia para “botar verde-amarelo”.
Como não tem, ao menos de imediato – e, provavelmente, também não depois – condições de resolver os problemas essenciais do país, será esta a “reivindicação” que pode “atender”.
A violência e o extermínio policiais soltos, a perseguição política à solta, a “deduragem”, a demissão dos indesejáveis, o espancamentos nas madrugadas das calçadas.
O horror, nada além disso.
Em outro front, o adesismo imediato das maiorias fisiológicas do Congresso, neste quadro quase “de graça”, com o pagamento, apenas, de deixarem-nas sobreviver.
A Constituição, diante desta matilha majoritária, será um pedaço de carne podre a ser dilacerado.
Não haverá, igual, Judiciário a contê-lo. O acoelhamento vergonhoso do STF, depois de merecer o filho do Ditador a bofetada de dizer que um cabo e um soldado o fechariam, foi o suicídio de sua autonomia.
Tudo isso, porém, toma tempo e tem trâmites.
Só o que não tem são as mortes, os espancamentos, as balas anônimas, as intimidações.
O horror, se não o contivermos até domingo.
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