No DCM
Ricardo semler\reprodução do youtube |
Texto de Ricardo Semler, empresário que foi filiado há quase 30 anos no PSDB, prega tolerância e compreensão com a esquerda nas eleições por parte das elites na Folha de S.Paulo. “Na Fiesp, quando eu tinha 27 anos e era vice do Mario Amato, convidávamos outsiders para uma conversa no bar. Chamei o FHC, que estava na mídia com a pecha de maconheiro. Chamamos os 112 presidentes de sindicato, vieram 8. Ninguém topava falar com ‘comunista’. Alguns anos depois, fui ao Roda Viva para alertar contra a eleição do Collor, queridinho passional das elites. Recentemente, realcei que a ida das elites à Paulista para derrubar a Dilma equivalia a ‘eleger’ o Temer e seus 40 amigos. Ninguém da elite quis ir às ruas para pedir antecipação de eleições. Erraram feio, como no passado, ou como quando deram as chaves da cidade ao Doria. Quanta ingenuidade”.
E ele desenvolve o raciocínio: “agora, estremeço ao ouvir amigos, sócios e metade da família aceitando a tese de que qualquer coisa é melhor do que o PT. Lá vamos nós, de novo. As elites avisaram que 800 mil empresários iriam para o aeroporto assim que Lula ganhasse. Em seguida, alguns dos principais empresários viraram conselheiros próximos do homem. Sabemos que, em vencendo Haddad, boa parte da Faria Lima e da Globo se recordará subitamente que foi amiga de infância do Fernandinho –‘tão boa pessoa, nada a ver com o Genoino, gente!’. A reação de medo e horror da esquerda, Ciro incluso, é ignorante. Vivemos, nós da elite, atrás de muros, cercados de arames farpados e vidros blindados, contratando os bonzinhos das comunidades para nos proteger contra favelados. Oras, trocar vigias com pistolas por seguranças com fuzis é um avanço? Ou é melhor aceitar que o país é profundamente injusto e um lugar vergonhoso para mostrarmos para amigos estrangeiros?”
O empresário também frisa: “não compartilho com os pressupostos ideológicos do PT e —até pouco— fui filiado a um partido só, o PSDB. Nunca pensei em me filiar ao PT, nunca aceitaria envolvimento num Conselhão de Empresários, por exemplo”.
E finaliza: “colegas de elite, acordem. Não se vota com bílis. O PT errou sem parar nos 12 anos, mas talvez queria e possa mostrar, num segundo ciclo, que ainda é melhor do que o Centrão megacorrupto ou uma ditadura autoritária. Foi assim que a Europa inteira se tornou civilizada. Precisamos de tempo, como nação, para espantar a ignorância e aprendermos a ser estáveis. Não vamos deixar o pavor instruir nossas escolhas. O Brasil é maior do que isto, e as elites podem ficar, também. Confiem”.
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