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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

54 anos depois, vitoriosos de 64 voltam ao poder pelo voto direto

Do Blog de Inaldo Sampaio

Nem o mais arguto político mineiro seria capaz de prever que 54 anos depois do golpe militar de 64 um legítimo e sincero defensor daquele movimento, que interrompeu a democracia em nosso país durante 21 anos, seria eleito presidente da República ontem por mais de 50 milhões de brasileiros. O próprio Bolsonaro tinha dúvidas sobre suas chances porque sempre fez parte do baixo clero na Câmara Federal, não tinha por trás de si um grande partido e até o convite que fez ao PR para fazer parte de sua coligação foi recusado. Obrigou-se a convidar para vice o general da reserva Hamilton Mourão, filiado ao PRTB, única alternativa que lhe restou para conseguir fechar a chapa. O presidente eleito já provou na prática que não tem propriamente formação democrática, mas foi ajudado pelo fato de 70% dos eleitores brasileiros não terem conhecimento do que se passou no país nos “anos de chumbo” e seu principal meio de informação ser as redes sociais, onde predominam notícias falsas (“fake news”). Daí poder-se dizer com alguma margem de certeza que um terço dos eleitores do capitão votaram em solidariedade às suas teses. Mas os outros foram votos antipetistas em protesto contra a volta do partido ao poder depois que seu principal líder foi parar na cadeira acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Bolsonaro prometeu na campanha que seria o presidente da “pacificação nacional”, mas isto provavelmente não ocorrerá devido à sua ojeriza aos “vermelhos” que deram mais de 40% dos votos a Fernando Haddad. Afinal, como unir o Brasil com um discurso excludente e contra determinados tipos de minorias? Candidato com perfil para pacificar o Brasil seria o tucano Geraldo Alckmin, não fosse um político mais paulista do que nacional e não tivesse sido obrigado a carregar nas costas o desgaste de Aécio Neves e a traição da cobra que ele próprio criou para mordê-lo depois (João Doria).

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