Texto do Professor José Fernando da Silva
Professor de História da EREMAS
O Brasil
assisti um fenômeno extraordinário na eleição desse ano, que é a transferência
dos votos do presidente Lula para seu candidato Fernando Haddad. Esse fato só
não é inédito porque, em 1945, outra grande transferência ocorreu que foi a do
presidente Getúlio Vargas que conseguiu transferir seus votos para o general Eurico
Gaspar Dutra, mas a transferência de votos de Lula é única pela velocidade com
quer ela está se dando.
Como o
presidente Lula conseguiu tirar do papel um projeto centenário que foi a
transposição do São Francisco, muitos estão chamando essa transferência de
votos de “transposição de votos”. Assim como as águas do velho Chico inundou
rios secos com uma velocidade extraordinária, Lula também estar conseguindo
fazer essa “transposição” com a mesma velocidade. Só um fenômeno popular como
Lula é capaz de fazer um feito desse. Muitas pessoas acham que pelo fato de um
governante está bem avaliado será o suficiente para ele transferir seus votos para
seus candidatos. As coisas não são tão simples assim. Política não é uma
ciência exata, ela tem nuances e fatores imponderados que podem mudar uma
votação.
O momento em
que vivemos no Brasil onde há uma criminalização da política fica muito difícil
para qualquer líder político transferir seus votos para um determinado
candidato. A população que nesses últimos três anos sofreu uma avalanche de
desinformação sobre a política, em que a mídia teve um papel preponderante para
criar uma ojeriza da população em relação à política e em especial aos
políticos como um todo. Diante de um quadro extremamente adverso como esse, os
políticos ficaram sem dúvida nenhuma em situação dificílima para conquistar os
votos dos eleitores e essa dificuldade se multiplica por três para o caso da
transferência.
Qualquer líder
político terá que ter muito cuidado para reivindicar os votos de um determinado
candidato. Haverá votos que serão naturais para um candidato independente dos
apoios que ele tenha. Vamos pegar, por exemplo, o presidente Lula. Suponhamos
que Lula fosse candidato a deputado federal, ele teria votos que não seriam
necessariamente de um prefeito, governador ou líder político. Seus votos seriam
praticamente seus, porque ele é maior do que os que o apoiam. Alguns candidatos
terão votos por defenderem uma linha, seja progressista ou conservadora. Nessa
linha podemos citar como exemplo a jornalista Joice Hasselmann, conservadora e
de direita, que tudo indica que terá mais voto do que o palhaço Tiririca em São
Paulo. Os votos dela vêm de um público conservador de São Paulo que é sua
grande representante.
Nenhum
prefeito ou líder político de São Paulo não poderá reivindicar os votos dela
como sendo transferência suas. Esses votos são independentes de apoios de
alguma liderança política, pois ela ultrapassou esse seguimento. Seus votos são
exclusivos de uma ideia conservadora que ela defende, portando ela surfa na
onda direitista que o país passa. Aqui em Pernambuco também teremos esse tipo de
candidato, em que terá votos independente de apoio de lideranças. Em certas
regiões o candidato terá votos porque defende certas ideias conservadoras,
outros porque defenderam o presidente Lula e a presidenta Dilma contra o Impeachment.
Então é
preciso que certas lideranças políticas tenham cuidado juntamente com seus
aliados, por comemorarem a vitória de seus candidatos como sendo transferência
de seus votos. É preciso verificar com muito cuidado as causas dos votos,
porque, como citado acima, muitos votos podem ser naturais, independente, do
apoio da liderança. Antes que certas lideranças se enganem achando que é um
Lula, no potencial de transferência de votos, e que amanhã venham se
decepcionar com sua votação futura. Pense com muito cuidado,
antes de assumir a “paternidade da criança”.
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