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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Desinformação e manipulação, a pedras no caminho de Lula/Haddad

POR FERNANDO BRITO · no TIJOLAÇO

Análise de dados de pesquisas há para todos os gostos e sempre é possível um recorte nos dados que “comprove” alguma teoria pré-estabelecida.

No caso de uma futura transferência de votos de Lula a Haddad, porém, seja qual for o quadro que se tome dos dados do Datafolha a resposta pula, evidente: a desinformação.

Haddad é um ilustre desconhecido fora de São Paulo, onde 83% dos entrevistados declaram conhece-lo em algum grau. Em Recife, apenas 43 conhecem ou ouviram falar.

Entre os que ganham mais de 10 salários mínimos a proporção se repete: 85% de conhecimento, enquanto que entre os de renda inferior a dois salários mínimo é de 48%.

Em ambos os casos, a relação entre o conhecimento de Fernando Haddad e a disposição em votar num candidato apoiado por Lula é exatamente ao inverso.

É o papel da televisão aberta, no horário gratuito, e das redes sociais compensar este desequilíbrio e não parece ser um grande obstáculo, dado o alcance que atingiram no Brasil.

A dificuldade maior é a linguagem e, neste aspecto, acho que foi bem usada a fala de Haddad no programa que vai abrir o horário eleitoral, que você pode assistir aqui.

Exemplo deste quadro é a matéria publicada pela Folha, com base nos dados da sua pesquisa, de que 40% dos eleitores de Marina e Ciro dizem que votariam em candidato de Lula e mais 20% “poderiam votar” em quem o ex-presidente indicasse.

O segundo ponto essencial é a “rejeição” a Lula conduzida, nos últimos anos, pela mais feroz campanha de mídia de este país já conheceu.

Ela vem se reduzindo de pesquisa a pesquisa e embora pareça uma obviedade, o melhor argumento contra ela é o grau de apoio que o ex-presidente obtem no povão, que vai comendo pelas beiradas o efeito da onda criada sobre a classe média. Que foi grande, porque na faixa entre e cinco salários mínimos, Jair Bolsonaro e seu discurso de ódio alcançaram inacreditáveis 32% de intenções de voto, sempre segundo o Datafolha de hoje.

Embora os dias sejam poucos, o caminho até as eleições é longo e cheio de riscos, na medida em que, hoje, não se pode duvidar das manobras mais sórdidas para manter a população desinformada ou para atirarem-lhe mentiras.

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