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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Caso Bretas mostra que juízes não são melhores que políticos

Reprodução/Twitter

Coluna do Fraga- R7-
Com o esfacelamento da classe política, muitos brasileiros passaram a ver no Judiciário o guardião da nossa virtude.

Em alguns ambientes, Sérgio Moro, por exemplo, começou a figurar no mesmo panteão reservado aos seres iluminados, impermeáveis a qualquer manifestação que costuma putrificar a raça humana. 

Nada mais falso.

Marcelo Bretas está aí mesmo para jogar na cara dos mais ingênuos que um juíz é apenas um ser humano. Ponto. Sujeito às mesmas influências malignas de todos nós.

O jornal Folha de S.Paulo publica hoje que, apesar da mulher dele ser juíza, e, portanto, ter direito a um auxílio-moradia no valor de R$ 4.377, 73 por mês, Bretas também leva para casa a mesma grana alta.

Um casal ganhar duas vezes o auxílio-moradia pareceu uma excrescência até para o Conselho Nacional de Justiça, que proibiu a prática. Bretas, no entanto, recorreu à Justica e ganhou (obviamente) o direito de também receber o benefício. 

Incomodado com as críticas, Bretas usou o Twitter para se defender.(veja acima).

A atitude de Marcelo Bretas não é ilegal, mas é, no mínimo, uma contradição para quem preza tanto pelos bons costumes no trato da coisa pública. Nem vamos considerar o fato de, provavelmente, o casal ter casa própria na cidade onde trabalham.

O auxílio-moradia pagos aos juízes e membros do Minisério Público, sabemos todos, é uma gambiarra encontrada por eles para ganharem acima do teto do funcionalismo. Estão no Judiciário os salários mais altos do setor público, daí a gritaria contra a reforma da Previdência. Mais de 30 mil são beneficiados pelo auxílio-moradia, que suga do érário R$ 1,6 bilhão anualmente, tudo graças ao ministro Luiz Fux, do STF, que decidiu que todos os juízes tinham direito ao auxílio em 2014. Em março o Supremo deve voltar a discutir a questão.

Marcelo Bretas sem querer prestou um grande benefício ao País.

Ao agir contra a quadrilha que arruinou o Estado do Rio de Janeiro, o magistrado está apenas cumprindo o dever com a sociedade que paga regiamente seu salário. Um juíz não pode ser considerado um semideus.

É apenas um homem.

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