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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Maranhão pós-Sarney: ainda pobreza e corrupção

Folha de S.Paulo – Thais Bilenki, enviada especial a São Luis
Três anos depois de a família Sarney deixar o governo do Maranhão, o Estado ainda se depara com uma realidade estigmatizante de pobreza e corrupção.

Pesquisa do IBGE de dezembro mostrou que o Maranhão foi a única unidade federativa em que mais da metade (52%) da população viveu em situação de pobreza em 2016.
A recessão que abateu a economia nacional foi mais severa no Estado, onde o PIB despencou 8% no acumulado de 2015 e 2016, de acordo com o dados do governo maranhense. A extrema pobreza avançou lá em quase 2% nos últimos três anos, como no restante do Nordeste.
O governador Flávio Dino (PCdoB) disse que a expectativa é crescer até 3% em 2017 e 4% em 2018, com a pujança do agronegócio.
"O que tentamos colocar no lugar do patrimonialismo e hiperconcentração de riqueza que herdamos é uma economia mais forte e diversificada, que tenha políticas sociais capazes de distribuir a renda e que haja probidade e honestidade na gestão do dinheiro público", afirmou Dino.
No cenário de encolhimento da economia, a corrupção continua a drenar recursos públicos.
Símbolo dessa realidade, a cidade natal de José Sarney, Pinheiro, derrotou o aliado da família do ex-presidente, Filuca Mendes (MDB), e elegeu Luciano Genésio (Avante, ex-PTdoB) prefeito em 2016.
Logo nos dois primeiros meses de sua gestão, porém, foi identificada uma situação insólita pela Controladoria-Geral da União.
O pai, o irmão e o primo da mulher de Genésio receberam R$ 535 mil de salário do sistema municipal de saúde sem que o vínculo de cada um deles com as unidades tivesse sido comprovado em todos os casos.
O irmão da primeira-dama recebeu de Pinheiro R$ 182 mil no período. O primo dela, R$ 162 mil. "Além de ter recebido por serviços prestados no Samu e não ter vínculo com o estabelecimento", anotou a CGU, o primo dela possui outros quatro contratos, um em Pinheiro, dois em Peri Mirim (MA) e outro em Mirinzal (MA), totalizando 94 horas semanais, quase 19 horas diárias de trabalho.
O sogro do prefeito, sozinho, recebeu no período R$ 191 mil correspondente ao trabalho não demonstrado como médico em quarto unidades de saúde de Pinheiro.
Acontece que ele vem a ser vice-prefeito de outra cidade a 380 quilômetros dali, Chapadinha, que também o remunera pela suposta carga de 30 horas semanais (6 horas diárias) em outra unidade de saúde local.
Da mesma forma, o município de Brejo, distante 450 quilômetros de Pinheiro, o remunera pelas supostas 30 horas de trabalho semanal (6 horas diárias) como médico do sistema municipal.
"No Maranhão, no que tange às dificuldades no combate à corrupção, devem ser destacados o elevado grau de dependência do governo federal e as características socioeconômicas do Estado", disse a CGU.

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