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terça-feira, 14 de novembro de 2017

Provocação 'Lula deve morrer' tem roteiro clássico

247- Paulo Moreira Leite
Ao comparecer a uma delegacia de Copacabana para pedir proteção policial, o jornalista Mario Vitor Rodrigues cumpre a segunda fase -- previsível -- de uma provocação iniciada com a publicação do seu infame texto "Lula deve morrer" na revista Istoé. Pode-se prever um roteiro clássico.

Após lançar o fantasma de um crime no ar, o passo seguinte é assumir a posição de vítima e alegar que tem sofrido ameaças. O terceiro lance é convencer as autoridades policiais começar a busca de "suspeitos". O quarto é enrolar-se na bandeira da liberdade de imprensa e denunciar "petralhas autoritários que apoiam Lula". E assim por diante, na infinita história das operações sujas contra a luta dos trabalhadores. 

(Não importa, no caso, lembrar que nosso autor tenha escrito, parágrafos adiante, que está falando em "morte" no sentido figurado. Há momentos, sabemos todos, em que há mais verdade numa frase retórica do que na simples descrição dos fatos).

Vamos entender o chamado contexto. Numa conjuntura em que o governo Temer-Meirelles encontra-se em decomposição irreversível, a pergunta essencial consiste em saber qual será o próximo movimento de ataque à democracia, o golpe final capaz de deixar Lula fora da sucessão presidencial.

A palavra "morte" surge numa situação que a incapacidade de derrotar Lula pelo voto é um fato estabelecido por todas as pesquisas e simulações.

Num país onde 18 jovens atraídos a uma armadilha por um capitão do serviço secreto do Exército agora respondem a um processo com base na lei contra terrorismo, correndo o risco de uma condenação a 9 anos de prisão, a frase "Lula deve morrer" é uma nova isca, em outra situação, para se produzir um mesmo resultado.

Conta com o silêncio cúmplice das famílias da mídia grande, que fingem não enxergar o que ocorre. Imaginem a Manchete: "Otavio Marinho Mesquita deve morrer" -- seguida, alguns parágrafos adiante, da tese de que "é preciso avançar na democratização da mídia". Quantos telegramas seriam enviados à Sociedade Interamericana de Imprensa? Quantos seminários a Associação Nacional de Editores de Revista iria promover?

Entre todas as barbaridades cometidas no país depois do golpe que afastou uma presidente sem crime de responsabilidade, a fronteira da violência criminosa contra personalidades públicas não havia sido atravessada nem mesmo no plano da retórica. Isso é bom, pois permite aos brasileiros encontrar uma saída para o país em ambiente democrático, único caminho para se chegar a um caminho racional para a crise.

Agora a violência está ali, nas páginas da Istoé, assinada por um blogueiro que, num exemplo máximo de promiscuidade, apresenta-se como jornalista e publicitário.

Alguma dúvida sobre sua utilidade?

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