Gregório Duvivier – Folha de S.Paulo
A última edição de "A Fazenda", da Record, traz uma novidade. Todos os integrantes já participaram de algum reality. O programa quis dar uma segunda chance ao Marcos, o ex-BBB expulso do programa após agredir a namorada, convidando, além dele, a Mayla, irmã da namorada agredida. "O encontro dos dois", prometia a emissora antes de Mayla não ir, "vai ser polêmico", mostrando nova acepção do adjetivo "polêmico".
O governo Temer é uma espécie de "A Fazenda" dos governos. Todos os integrantes só estão ali porque não foram aceitos em nenhum outro lugar no mundo. Isso torna ambos muito divertidos de assistir, afinal ninguém ali tem nada a perder. Mentira. No caso do participante de "A Fazenda", ainda existe a possibilidade de ele integrar o Governo Temer.
Assim que o ministro da Justiça tomou posse, disse que sua experiência em segurança se limitava a ter sido assaltado. Se isso bastasse, acho que todo cidadão brasileiro estaria preparado pra assumir o cargo. Caso o ministro tenha sido assaltado uma vez só, posso me gabar de que estou cinco vezes mais preparado que ele.
O Ministro percebeu, nessa semana, que ele é o único que não pode ser eliminado do reality, já que o rabo do presidente está nas suas mãos. Aproveitando-se da imunidade, foi à rádio dizer que a polícia militar do Rio era cúmplice do crime organizado, e os deputados e o governador também. Uau! disse um amigo, seria muito importante que essa informação chegasse ao ministro da Justiça.
O ministro parece um policial que uma vez me falou: "Não fica aqui não que tem muito assalto". "Ué", disse, "vocês não vão ficar aqui?". E ele: "A gente passou aqui só pra te avisar". Meio fofo. Meio esquisito.
Luislinda Valois assumiu a pasta dos Direitos Humanos nesse governo cujo principal legado foi a revogação da Lei Áurea. Se você trabalha 20 horas por dia num canavial levando chibatadas já não pode chamar de "escravidão", mas de "estágio não remunerado". Luislinda preferiu não se manifestar sobre esse assunto chato até a semana passada, quando fez discurso revoltado porque não permitem que ela acumule seu salário de R$ 31 mil com sua aposentadoria de R$ 30 mil. Afinal, ganhar só R$ 31 mil, pra ela, "se assemelha ao trabalho escravo", mostrando que o conceito de trabalho escravo, nesse governo, é mesmo muito flexível.
Tanto na Fazenda quanto no Planalto, parece que todo mundo só está lá pela mala de dinheiro.
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