Por Fernando Brito, editor do Tijolaço
Depois de um dia iniciado ainda no escuro, nesta quarta-feira dantesca da “democracia policial” do Brasil, acompanhando os sites e com a Globonews buzinando nos ouvidos, é difícil ser capaz de fazer raciocínios muito objetivos, ainda mais com duas horas de depoimento de Lula para assistir, para não ficar preso aos recortes da Globo.
Então vou falar da impressão que me fica de tudo o que já assisti.
A primeira é de choque, certamente. Não é fácil, quase aos 60 anos, ver o país que você ama entregue ao policialismo.
Hoje, 70 ou 80% das chamadas dos sites pera sobre prisões, delações, depoimentos judiciais e relatórios policiais.
Claro, isso nos 50% dos sites que não é ocupado por abobrinhas e “celebridades”.
A segunda, é a miséria usada para acusar Lula.
No “maior caso de corrupção da História mundial”, tudo o que se tem contra ele é uma apartamento que não é dele, um terreno “doado ao Instituto Lula” que não é do Instituto Lula, um sítio que não se prova que é de Lula e – ah!! – ima apartamento alugado na luxuosa cidade de Saint Bernard de les Champs, uma Avenue Foch de pobre.
Será que não passa por alguma cabeça ainda comprometida com a lógica tachar de pessoalmente corrompido a um homem que não tem nada que se possa chamar de faustoso?
Ouço as moças da Globo dizendo que Lula estava impaciente. Queriam Lula com o “fair-play” de Palocci, fazendo um negócio teatral em troca do perdão judicial?
Será que uma pessoa normal, honesta, com a vida dedicada ao serviço público – afinal, não é como agente (oi servidor) público que está sendo julgado? – passar dois anos e meio sendo acusada de tudo e diante de alguém que o condenou a nove anos e meio de cadeia como um gatinho? Só mesmo se for um canalha…
Mas a estratégia é essa: cansar Lula, repetindo acusações, sacando acusações de gente ansiosa para escapar da cadeia que se comemora a cada decretação? Que buscam fazer com que perca a energia que, milagrosamente, ainda mantém depois dos 70 anos.
Será que ainda não perceberam que não irão quebrá-lo?
Nunca vi, depois de tantos anos, tamanha crônica de uma tragédia anunciada.
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