O presidente Michel Temer e o senador Wilder Morais |
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
Wilder
Morais é dono de uma empreiteira e de uma rede de shoppings em Goiás.
Em 2010, ele doou R$ 700 mil para uma campanha política. Foi o melhor
negócio de sua vida. Depois de um ano e meio, o senador Demóstenes
Torres teve o mandato cassado. O empresário herdou a cadeira, o
prestígio e as mordomias do cargo.
Morais
é um dos 13 suplentes em exercício no Senado. Se o grupo criasse um
partido, formaria a segunda maior bancada da Casa, atrás apenas do PMDB.
Sua sigla poderia ser PSV: Partido dos Sem-Voto.
Os
financiadores de campanha costumam ser maioria entre os suplentes.
Também estão na lista filhos, mulheres e primos de senadores. Completam o
clube amigos, assessores, cabos eleitorais e políticos em fim de
carreira.
Alguns
têm sorte em dobro. Zezé Perrela, um cartola de futebol, esperou apenas
cinco meses no banco de reservas. Com a morte de Itamar Franco, foi
premiado com sete anos e meio de mandato. Seu desempenho na tribuna é
modesto, mas ele ficou famoso em Brasília como organizador de festas e
dono de helicóptero.
Na
quinta-feira passada, a comissão que discute a reforma política teve
uma chance de acabar com a farra dos suplentes. O relator Vicente
Cândido sugeriu uma nova fórmula de substituição dos senadores. A
cadeira vazia passaria a ser ocupada pelo deputado mais votado do
partido ou coligação do titular. A proposta era exótica, mas não parecia
tão ruim quanto a regra atual.
O
PP, do suplente Wilder Morais, saiu em defesa do statu quo. Era
possível criticar a ideia do relator e apresentar outra, como a posse do
segundo colocado ou a realização de novas eleições. A sigla preferiu
argumentar que o corporativismo dos senadores barraria qualquer mudança
na lei.
Foi
o suficiente para manter tudo como está. Por 16 a 10, a comissão
preservou uma das maiores distorções do sistema político brasileiro.
Mais uma vitória dos sem-voto
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