Da Folha de S. Paulo
A
base governista na Câmara evita declarar apoio a Michel Temer na
votação da denúncia criminal apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da
República).
A
Folha procurou na semana passada todos os 513 deputados da Casa após o
STF (Supremo Tribunal Federal) receber, na segunda (26), a peça em que
Temer é acusado de corrupção passiva –seria o destinatário de uma mala
de R$ 500 mil de propina da JBS, além de promessa de outros R$ 38
milhões em vantagens indevidas.
Veja como cada deputado se posiciona sobre a denúncia
Cabe à Casa dar ou não aval, com os votos de no mínimo 342 deputados, para que o STF possa aceitar a denúncia e abrir a ação penal. Nessa hipótese, Temer seria afastado por até 180 dias para ser julgado.
Cabe à Casa dar ou não aval, com os votos de no mínimo 342 deputados, para que o STF possa aceitar a denúncia e abrir a ação penal. Nessa hipótese, Temer seria afastado por até 180 dias para ser julgado.
Só 45 deputados responderam que votarão contra a aceitação da denúncia.
Entre
os apoiadores do presidente estão aliados fiéis como Carlos Marun
(PMDB-MS) e Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líderes do governo na
Câmara.
Já
os que declaram apoio à continuidade das investigações somam 130
parlamentares, 212 a menos do que o mínimo necessário para que a
denúncia seja aceita.
Outros 112 afirmaram que não sabem ainda como votarão e 57 não quiseram se posicionar.
Entre
os deputados do PMDB, o número dos que se declararam contrários ao
prosseguimento da denúncia é igual ao daqueles que afirmaram não ter
posição formada a respeito do caso: 18.
No
DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), nenhum
deputado declarou que votará contra a denúncia. Três não quiseram se
pronunciar, 13 disseram estar analisando a peça do Ministério Público e
11 não responderam à enquete. Maia declarou que não votará.
Um
parlamentar da sigla chegou a afirmar à Folha, em caráter reservado,
que gostaria de votar com o governo, mas que a acusação é grave e
necessita de análise.
Parte
dos parlamentares tomou chá de sumiço: 168 foram contatados
repetidamente pela reportagem desde terça (27), mas não responderam aos
telefonemas e e-mails.
A
maioria é de partidos da base aliada, como o próprio PMDB, que
contabilizou 25 sumidos, PR, com 16, PP, com 15, ou PRB, com 12. O líder
do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), não respondeu à
pesquisa.
Muitos
dizem esperar decisões partidárias para declarar voto. A posição de
cada sigla ou a liberação do voto aos parlamentares deve ser discutida
nesta semana.
"É
um equívoco isso de 'vou votar com a minha consciência'", afirmou
Marcus Pestana (PMDB-MG), um dos que esperam manifestação da legenda. "É
preciso votar com a coletividade do partido, ele existe por uma
razão."
Parte
dos deputados afirmou que espera manifestação da defesa de Temer, e um
terceiro grupo diz que só se posicionará após o relatório da CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça), onde a peça será analisada
primeiro.
Outra
explicação para a reticência de aliados pode estar na popularidade do
presidente, que caiu a 7% –a menor em 28 anos, segundo o Datafolha–, já
que a maior parte dos parlamentares deve tentar a reeleição em 2018.
Mesmo
tendo decidido em reunião no início de junho permanecer na base de
Temer, o PSDB segue rachado. Entre seus 46 deputados, oito declararam
que votarão pela continuidade do processo. O número é maior do que o
daqueles que se disseram contrários à denúncia, cinco.
A
liderança do partido já afirmou que deve reunir a bancada para decidir
como votar após o final da análise da denúncia na CCJ, que começará
nesta semana.
Após
passar pela comissão, a denúncia segue para votação no plenário. Para
evitar o afastamento, Temer precisa que pelo menos 172 deputados votem
"não" à denúncia ou simplesmente não compareçam à sessão.
A
tarefa, porém, pode não ser tão fácil: a votação será nominal, e há,
mesmo entre aliados, a avaliação de que os parlamentares que não
aparecerem para votar podem sofrer pressão do eleitorado.
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