Folha de S. Paulo – Thais Bilenky
O
governo Michel Temer (PMDB) é considerado ótimo ou bom por apenas 7% da
população, a menor marca registrada pelo Datafolha em 28 anos. Somente
José Sarney (PMDB) ficou abaixo desse patamar, com 5% em setembro de
1989, em meio à crise da hiperinflação.
Desde
que veio a público a delação da JBS, que jogou o presidente no centro
da crise política nacional, a impopularidade do peemedebista aumentou.
Hoje sua gestão é considerada ruim ou péssima por 69% do eleitorado e
regular por 23%.
Na comparação, em setembro de 1989, Sarney chegou a 68% de ruim ou péssimo e 24% de regular.
O
novo levantamento do Datafolha, feito entre quarta-feira (21) e esta
sexta-feira (23), com 2.771 entrevistados, mostra Temer com a avaliação
em queda.
Dois
meses atrás, a sua taxa de ruim e péssimo estava em 61% e a de ótimo ou
bom, em 9%. Aqueles que o consideraram regular somavam 28% no final de
abril.
Não
souberam responder como avaliam hoje o governo Temer 2% dos
entrevistados. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais e
para menos. A nota do presidente caiu de 3 para 2,7.
A
situação de Temer é pior que a de Dilma Rousseff (PT) às vésperas de
ela sofrer impeachment. Em abril de 2016, a petista tinha 13% de
aprovação e 63% de reprovação.
JOESLEY
Temer foi gravado secretamente
em março deste ano pelo empresário Joesley Batista, da JBS, em uma
conversa tarde da noite fora da agenda no Palácio do Jaburu em que ambos
trataram da relação com o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que
está preso.
O
áudio foi entregue como prova na delação do empresário e deverá
subsidiar três denúncias contra Temer elaboradas pela Procuradoria-Geral
da República por corrupção passiva, obstrução de justiça e organização
criminosa. As peças ainda não foram apresentadas ao STF (Supremo
Tribunal Federal) e, quando o forem, deverão ser remetidas à Câmara dos
Deputados. Ao envolver o Congresso, a situação de Temer se torna ainda
mais frágil.
Ele
é acusado por Janot de ter dado o seu aval para que Joesley comprasse o
silêncio de Cunha e de seu operador Lucio Funaro, que estão presos e
ameaçam delatar.
MULHERES E JOVENS
A reprovação de Temer está em patamar comparável ao de Dilma em agosto de 2015, quando a petista atingiu 71% de ruim ou péssimo.
No
histórico do instituto, além de Sarney, apenas Fernando Collor (PTC)
obteve índices tão negativos quando Dilma e Temer ao alcançar 68% de
ruim e péssimo, em setembro de 1992, ao sofrer impeachment.
O
cenário fica mais desfavorável para o presidente Temer entre as
mulheres, os jovens e os mais pobres, em comparação com a média da
população.
Sua
taxa de ruim e péssimo chega a 73% entre o eleitorado feminino, a 74%
entre os eleitores de 25 a 34 anos e a 71% para aqueles cuja renda
familiar mensal é de até dois salários mínimos.
No Nordeste, a reprovação a Temer fica acima da média, 77%, e no Sul, abaixo: 61%
Entre
os entrevistados com ensino fundamental completo, a reprovação de Temer
fica em 64% e sobe para 71% entre aqueles que concluíram o ensino médio
e 70% entre os com superior completo.
Um
grupo que lhe concede alguma trégua é a do eleitorado de renda média
familiar superior a dez salários mínimos. Nessa parcela da população,
seu governo é considerado bom ou ótimo por 15%, regular por 30% e ruim
ou péssimo por 55%.
A
análise por renda da avaliação de Temer coincide com a de sua agenda
econômica, da qual os mais ricos são menos críticos que a média da
população, em especial no que se refere à proposta de reforma da
Previdência.
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