Por Osvaldo Matos de Melo Júnior*
No Brasil, procuramos sempre os caminhos mais desastrosos e que gerem
impactos iniciais na mídia, mas que ao longo do tempo conseguem piorar
muito mais que resolver os problemas. Ou seja, se administra pensando na
mídia, na opinião pública formadora de opinião, nos conceitos
equivocados de direitos humanos e nos grupos de pressão.
Vamos lá para o caso da polícia, a partir de Pernambuco.
1. Criaram uma secretaria cheia de cargos com pessoas de fora do
ambiente policial estadual com características totalmente distintas e
especificas, onde a expertise e a vocação natural é de extrema
importância para políticas exitosas.
2. Acabaram com grande parte da mística das instituições, a boa
concorrência e até a identidade coorporativa. Deixaram as instituições
sem identidade visual e praticamente apagaram suas marcas e padronização
de símbolos e uniformes.
3. Extinguiram unidades de ensino, acabaram com a formação
característica de cada instituição, misturaram tudo como em um suco de
frutas. Quebraram a espinha dorsal de uma instituição militar secular
extinguindo sua academia, considerada uma das melhores do Brasil e que
já formou e aperfeiçoou oficiais de 22 estados brasileiros.
4. Passaram mais de 10 anos sem formar os gestores de comandos de
pequenas frações, iniciais, intermediários e fiscalizadores do efetivo
lançado priorizando cursos rápidos de formação com pouca estrutura.
5. Exigiram a formação em direito para ingresso no curso de formação
de oficiais e esqueceram que oficiais executam funções e
responsabilidades com um pouco de administradores, orientadores,
pedagogos, professores, preparadores físicos, contadores, sociólogos,
estatísticos, economistas, psicólogos, relações públicas, RH,
planejadores, engenheiros durante a sua vida e as disciplinas
necessárias de direito poderiam ter obrigatoriedade nos cursos de
formação e aperfeiçoamento, como acontece nas polícias ostensivas de
primeiro mundo e no melhor modelo do Brasil, e uma das melhores do
mundo, que é a de São Paulo. A polícia que precisa de bacharéis em
direito no modelo brasileiro são a PF e PC. Com certeza a maioria dos
novos oficiais que serão formados passarão pouco tempo na PM, pois quem
faz um curso de direito tem aspiração de ser juiz, promotor, delegado,
procurador ou advogado.
6. Polícias de grande efetivo, com tropas diversificadas e ações
especificas, precisam de renovação constante nos seus comandos
intermediários e nos elos de ligação como os capitães, tenentes e
sargentos. Isso é imprescindível e a falta dessa renovação traz
problemas gravíssimos de disciplina, gestão, motivação, controle de
qualidade, gestão de recursos humanos, hierarquia e da mística e
tradição como elemento de estimulo em todo efetivo.
7. Os movimentos reivindicatórios dos militares por parte de
associações foram legitimados pelo próprio governo, a partir do momento
que negociaram com lideranças, quebrando a hierarquia totalmente, pois
quem leva reinvindicação da tropa é apenas o seu comandante e estado
maior. Existe uma cadeia de comando que se rompida em um dos seus elos
complica tudo. Fizeram o absurdo de colocar à disposição das associações
os policiais, ou seja, diretores de associações não trabalham como
policiais apenas administram as associações e os movimentos.
Um absurdo total que só existe no Brasil. Não agiram com rigor, com a
justa disciplina e transformaram uma das 4 melhores e mais
disciplinadas instituições policiais militares do Brasil em uma das mais
indisciplinadas, cheia de vícios, desmotivada e com menos identidade.
Se não fosse o espírito abnegado de pessoas que realmente amam e são
vocacionadas para a vida policial militar a coisa estaria muito pior que
o caos atual. E o que é pior que o CAOS?
8. Tiraram dos comandantes o poder de comandar, onde um simples
deslocamento de viatura ou transferência de um policial tem que ser
autorizada pela SDS.
9. Reduziram o tempo dos cursos de formação, alguns são feitos até
pela web, absurdo, como um curso policial militar pode ser feito pela
web? A formação e o aperfeiçoamento são os momentos cruciais para
lapidar o policial com técnicas, práticas, novos cases, revigorar a
disciplina e corrigir possíveis falhas.
10. As promoções, os comandos e os cargos de chefia continuam na sua
maioria em cima de interesses políticos o que desencadeia uma onda
imensa de desmotivação nas instituições a cada nova data de promoção.
11. Não que um praça ganhe bem, mas criaram uma situação onde os
oficiais e graduados ganham tão mal que as diferenças não seguem a
lógica de qualquer empresa, instituição e carreiras do mundo quanto
maior é o nível de responsabilidade maior é a remuneração e isso não tem
nada a ver com o fato de quem tá na rua ou planejando, até porque a
maioria dos oficiais e graduados também estão nas ruas além das suas
obrigações de gestores.
12. São tantos erros repetidos de condução que mesmo a boa vontade de
muitos não consegue estancar a onda crescente de violência que
aterroriza nosso povo.
*Publicitário, Sociólogo e pesquisador de segurança