No
Palácio do Planalto, a leitura política sobre as perguntas da defesa de
Eduardo Cunha a Michel Temer foi a de que o ex-presidente da Câmara fez
insinuações a respeito da conduta do presidente a fim de se posicionar
publicamente para tentar negociar uma delação premiada com a
Procuradoria Geral da República. Nas perguntas apresentadas no processo
contra Cunha que tramita sob os cuidados do juiz Sérgio Moro, o
peemedebista insinua que conhece segredos de Temer.
Além
de ser ouvido na qualidade de testemunha, Temer não pode ser
investigado por Moro, porque presidente tem foro privilegiado. De acordo
com a Constituição, só o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
poderia pedir a abertura de uma investigação contra o presidente da
República. E esse eventual inquérito ou processo deve tramitar no
Supremo Tribunal Federal. Cunha e sua defesa sabiam disso.
Na
avaliação do governo, Cunha e sua defesa tinham ciência de que algumas
perguntas seriam barradas por Moro por força legal, mas estavam
interessados no estrago político ao torná-las públicas. Chantagem sempre
foi uma arma política de Eduardo Cunha.
Em
relação a Moro, o cuidado se explica: ele já foi criticado pelo
ministro Teori Zavascki por ter divulgado um telefonema da então
presidente Dilma Rousseff, que tinha foro privilegiado, com o
ex-presidente Lula. Seria ilegal permitir perguntas que sugerem
investigação de Temer.
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