O mais novo objeto de preocupação do Planalto hoje atende pelo nome de Herman Benjamin,
o ministro do STJ que, no TSE, é relator do processo que pretende
cassar a chapa Dilma-Temer por irregularidades no financiamento da
campanha de 2014. Nos últimos dias, os sinais emitidos por Benjamin, e a
divulgação de elementos relacionando de forme estreita as doações
eleitorais para petistas e peemedebistas – como o cheque com o depósito
de R$ 1 milhão da Andrade Gutierrez – vem assustando muita gente no
governo.
A
mídia ainda trata o assunto com sobriedade, sem cara de escândalo, e o
tempo trabalha a favor de Michel. Em matéria publicada no Valor desta
sexta-feira, a colega Maria Cristina Fernandes dá a explicação: entre
abril e maio do ano que vem, serão substituídos dois ministros advogados
do TSE, dando ao governo Temer a chance de compor uma maioria a seu
favor no tribunal e garantir que não será cassado. Até lá, o processo
iria sendo empurrado fora da pauta pelo presidente Gilmar Mendes,
considerado um amigo do Planalto.
Só
que mesmo esse planejamento tranquilizador pode dar errado. Os mesmos
planaltinos que veem em Gilmar um amigo consideram Benjamin um
simpatizante dos governos petistas. E estão incomodados com o ativismo
do ministro, que parece estar querendo investigar mesmo a fundo, de
verdade, as irregularidades da campanha ligadas à Lava Jato – que tendem
a ficar cada vez mais visíveis,sobretudo com a próxima delação da
Odebrecht.
Ninguém
sabe o que mais vai aparecer, arrebatando a opinião pública, e o que
Benjamin vai fazer com isso. Pode vir desgaste grande por aí. Fica cada
vez mais distante a possibilidade de o relator aceitar a separação das
contas das duas campanhas e considerar que as doações feitas pela
Andrade Gutierrez a Dilma são fruto de propina e as feitas a Temer não.
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